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A crise do jornalismo impresso 2

Permitam-me continuar no tema de ontem:

… a propalada crise do jornalismo impresso.

Permitam-me também reforçar que não tenho opinião “fechada” sobre a questão.

Nem sei lhes dizer se tal crise é real ou mesmo se é inerente ao exercício do jornalismo em qualquer plataforma.

Na velha redação de piso assoalhado e grandes janelas para a rua Bom Pastor, vivíamos em crise. Ao menos, assim entendíamos nosso dia a dia e os desafios que enfrentávamos de por o jornal na rua todas as sextas-feiras, chovesse ou fizesse sol.

Como ressaltei ontem, as publicações tupiniquins nunca foram assim de estourar a boca do balão em termos de tiragem. Quaisquer centenas de milhares de cópias vendidas já nos enchiam os olhos de orgulho e entusiasmo.

É certo, porém, que as tiragens caem. Assim como interesse do grande público pelos jornalões e revistas semanais.

Penso que um dos grandes equívocos – especialmente dos jornais – é a ausência de grandes reportagens – e, sobretudo (e principalmente), de grandes repórteres.

Não que eles não existam…

Por questões orçamentárias (de duvidosa eficácia), as redações resolveram apostar na opinião, no comentário, no chamado colunismo. Por questões estratégicas (também de duvidosa eficácia), optaram por convidar representantes de diversos segmentos para preencher esse espaço – o médico, o psicólogo, a ex-prefeita, o futuro presidenciável, o antropólogo, o cineasta, a atriz, o compositor, o ex-boleiro, o isso e o aquilo. Todos assumem ares de intelectuais a alinhavar ideias e ideais, exemplos e histórias que, supostamente, nos ensinam a pensar como eles pensam e a viver como eles vivem.

Todos são “príncipes”.

Não raras vezes, tamanha a profusão de pitacos me remete à famosa frase do jagunço Teobaldo, da obra de João Guimarães Rosa:

“Pão ou pães, é só uma questão de opiniães”.

*amanhã continua…

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