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A dança das gerações

— E como estão as novas levas de aluno?

Ela me perguntou como se fosse uma veterana do santo ofício do jornalismo.

Tem 24 para 25 anos e saiu da universidade há três anos, se tanto.

Há tempos não nos víamos, sequer nos falávamos.

À época em que estudava (estudava?), ela mesma se definiu como “uma menina sapeca levada da breca”. Mas, mesmo assim, eu sempre a vi como, digamos, uma moça de futuro. Ao menos nas disciplinas que lecionei, deu conta do recado – e, percebi, que sobrava no grupo de alunos a que pertencia.

Eu sempre lhe recomendava:

“Juízo, moça”.

E repetia o que aprendi de um velho e saudoso mestre:

“Nós somos nossas escolhas, e também nossos equívocos”.

Agora, ao revê-la, é promissora a primeira impressão que tenho.

Parece bem assentada na vida, e a pergunta que me faz mostra uma saudável curiosidade.

Só que para ser bem sincero, a ela e a vocês, não soube bem o que lhe responder.

Ficaria fácil cair de pau na rapaziada.

Dizer que, de um modo geral, eles chegam cedo demais à universidade (mal completam 18 anos), são imaturos, não gostam de ler livro ou jornal (mesmo querendo ser jornalistas), vivem em função do celular, da pré-balada, da balada e da pós-balada etc etc etc.

É uma situação cômoda; mas, desconfio, não é a plena realidade.

O que para nós, mestres e doutores, estudamos como futuro, para essa garotada, creiam, é passado. Eles já nasceram com o mundo globalizado, cresceram mexendo no computador e bisbilhotando o que mais lhes interessar às últimas consequências.

Se não prestam atenção à nossa aula, ouso dizer: a culpa não é deles.

Lembro de ouvir o pai me falar que as gerações se sucediam de 20 em 20 anos.

Era, na verdade, uma reverência do tempo do saudoso Aldão, meu pai.

No meu tempo, a coisa toda rodava de 10 em 10 anos. É só ver o que se diz da geração de 68, dos hipongas dos anos 70, da porralouquice dos 80, dos caras pintadas dos 90.

No novo século, meus caros e minha cara, os jovens mudam a cada ano. E precisamos ficar atentos, pois temos muito o que aprender com eles.

Mas, eu insisto:

“Juízo, rapaziada, juízo”.

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