João Paulo Sampaio, Estêvão e Leila Pereira, homenagem/César Greco/Palmeiras
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Dou-lhes o nome: José João Altafini.
(Em julho, vai completar 87 anos)
Apelido: Mazzola, assim mesmo com dois zês.
Minha primeira lembrança de um jogador de futebol.
Ainda hoje o camisa 9 da minha seleção de todas Eras.
Óbvio que jogou no Palmeiras de 1956 a 1958 – e depois embarcou para as zoropas. Foi jogar no Milan.
Era titularíssimo da seleção de 58. Fez o primeiro gol brasileiro na Copa, na partida contra a Áustria. Mesmo assim lhe passaram a perna, deram de desconfiar do menino de Piracicaba por ter se acertado com a equipe italiana em plena preparação para a Copa na Suécia. Ficou na reserva de Vavá.
Em 1962, jogou pela Itália na Copa do Chile.
Ali fez seu nome e ainda hoje é reconhecido como um dos maiorais do calcio.
Mazzola ocupou o posto de maior artilheiro da Liga dos Campeões da Europa desde a temporada de 62/63 até o ano de 2014 quando o portuga bom de bola Cristiano Ronaldo marcou 17 gols em onze jogos.
Para ser sincero, eu não o vi em ação.
Só ouvia suas epopeias pelas narrações radiofônicas e, já velhusco, fui ver uma ou outra imagem dos jogos em vídeos e documentários.
O que dá a ele a titularidade absoluta em tão nobre escrete (que cultivo na memória) é, na verdade, a imaginação do garoto de cinco, seis, sete anos que divertia-se a ouvir a descrição que o pai fazia dos feitos do extraordinário Mazzola.
– Para você ter uma ideia, filho, ele bate o corner (escanteio para o Velho Aldo era corner) e corre na área para cabecear e fazer o gol.
O pai era um brincalhão, mas encantava-me.
Por que lhes conto mais esta historieta?
Estêvão Willian Almeida de Oliveira Gonçalves está de partida para o Chelsea, da Inglaterra.
Menino de 18 anos, despediu-se ontem do Allianz Parque diante de 40 mil emocionados torcedores palestrinos. Outros tantos o viram pela TV, embevecidos e nostálgicos, como eu.
Vencemos o frágil Sporting Cristal, da Bolívia, por 6 a 0.
Estêvão fez o primeiro gol e deu assistência para o segundo em bela jogada entre ele e Flaco López.
Jogou demais.
Foi considerado o melhor em campo pelos organizadores do torneio.
Inexplicável aos olhos dos terraplanistas e dos leigos no esporte. Mas, pleno de sentimento e representatividade, aos apaixonados guris de todas as idades que habitam o Planeta Bola.
Só mesmo o futebol nos causa tamanho deslumbre.
Ao final da partida, o jovem craque circulou pelas quatro linhas do tal gramado sintético a agradecer, com largo sorriso, os aplausos e os vivas que os torcedores, reconhecidos, lhe dedicaram em unísson, 3 merecidamente.
Uma celebração…
Sim, uma celebração amorosa, com uma beira de antecipada saudade e envolta na esperança de que o futebol e a vida ainda – e sempre – fazem e farão sentido.
Viver e aprender a jogar.
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Obrigado, Estêvão!
Daqui a 50, 60 anos, muitos daqueles garotos palestrinos (que ontem estavam nas arquibancadas do Allianz), já velhuscos como eu, vão lembrar os seus dribles e gols, com a camisa do Palmeiras. Vão dizer como agora digo e repito, mesmo com todas as mazelas e tristezas que nos rondam, o futebol e a vida ainda – e sempre – contemplam e abençoam os que ousam sonhar.
Buon viaggio, campeão!
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O que você acha?