No processo brasileiro, o realismo econômico, citado por Gilberto Freire, não corrigiu os desvios do controle do poder e, muitas vezes, do espírito militar, como o autor cita na obra “Casa Grande e Senzala”.
Os processos econômicos não forneceram o bem-estar social para a maioria do povo brasileiro e sequer conteve o princípio de exploração que fundamenta a essência desses sistemas.
Pode-se dizer que a miséria é ampla.
Miséria não é só a fome que grassa nos grotões do Brasil.
Miséria é a falta de saneamento.
Miséria é a falta de moradia digna, de saneamento básico.
Miséria é a falta de transporte público, de qualidade e que respeita os trabalhadores, os mais humildes.
Miséria é a falta de escola de qualidade para todos. Que não faça distinção de raça, credo ou classe social.
Miséria é a falta de áreas de lazer.
É a falta de respeito às nossas manifestações culturais mais genuínas.
Miséria que se faz presente em Ribeirão Grande, no Vale do Ribeira e em todos os grotões deste Brasil, inclusive nas chamadas grandes cidades.
Miséria é a falta de respeito dos homens públicos para com os compromissos sociais e, por extensão, à dignidade de nossa gente.
**Inspirado (e levemente adaptado) a partir de trecho da dissertação de mestrado “A Comunicação e a Memória do Pequeno Lavrador do Município de Ribeirão Grande, no Estado de São Paulo”, de autoria do amigo José Eduardo Sales da Costa. O trabalho foi apresentado ontem à banca avaliadora formada pelos professores doutores Cicília Krohling Peruzzo (orientadora), Marli dos Santos e Luciano Victor Barros Maluly no Programa de Pós Graduação da Escola de Comunicação, Educação e Humanidades da Universidade Metodista de São Paulo e aprovado com elogios à coragem do autor pela iniciativa de trazer a cultura caipira e os desafios existenciais de sua gente para a Academia.
Só para localizar os meus amáveis cinco ou seis leitores, o amigo Sales, vez ou outra, dá as caras aqui no Blog com o codinome de Poeta.
Parabéns, irmão!