Bom. Muito bom mesmo que a presidente eleita, Dilma Rousseff, tenha reiterado o compromisso com a democracia em todas as dimensões em seu discurso de ontem à noite, depois que o Tribunal Regional Eleitoral confirmou oficialmente sua vitória.
Bom que ela tenha falado muito claramente sobre dois temas que, de um modo ou de outro, apareceram durante a campanha – e causaram bastante polêmica. São eles: a questão da liberdade de imprensa e, por extensão, a da liberdade de expressão.
A presidente empenhou de sua palavra ao lembrar o quanto, na juventude, lutou para livrar o País da implacável ditadura que o assolou por 21 anos.
Houve exagero na forma com que os noticiosos trataram o assunto nos últimos meses, especialmente inflados pela disputa presidencial.
Os conglomerados de comunicação espernearam à simples menção de que o Governo estuda a possibilidade de criação de uma agência reguladora da mídia.
Logo falaram em fim dos plenos direitos democráticos.
Houve até capa de revista com este teor.
Anunciaram mais:
Só devem satisfação aos seus leitores.
Faz sentido.
Mas, convém ampliarmos a o foco das considerações.
Trata-se, pois, de uma questão delicada.
Uma questão que passa por uma discussão mais ampla, sempre adiada.
Uma vez que fere muitos interesses: a democratização dos meios de comunicação.
É bem verdade que, mesmo a contragosto de alguns, a web vem revertendo o jogo do poder nas redações e para o grande público.
Aliás, foi na ampla tribuna da net que repercutiu a sensatez da colunista Maria Rita Kelh ao publicar, em sua coluna em O Estado de S. Paulo, o texto Dois Pesos em que critica aqueles que desqualificam o voto das pessoas mais humildes.
Por isso, a colunista foi demitida.
Cometeu um “delito de opinião”, alegaram a ela.
Traduzindo, o jornal não concorda com o que ela pensa.
Portanto, R… U… A…
Creio não ser exatamente essa a expressão mais latente da almejada liberdade de imprensa que todos desejam.