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A eleição de Dilma e a Imprensa (3)

Vou ao blog do Juca e leio sobre a queda de braço entre Felipão e os repórteres que cobrem o Palmeiras. Rolo a barra dos comentários para saber como se posicionam os internautas/leitores sobre a querela.

São 400 e tantos comentários.

Não preciso ir muito longe para saber que a imensa maioria bate forte na Imprensa.

Vai na linha do bateu-levou, coisa que nós, jornalistas não estamos lá muito habituados.

Copiei o trecho de um deles, como exemplo:

“Jornalistas, parem de chorar. Ofender os outros é fácil, especialmente quando se tem em mãos o poder da palavra e da divulgação que um jornalista tem. Difícil é receber o troco na mesma moeda”.

Não vou entrar no mérito do episódio Felipão – a bem da verdade, sei por alto que ocorreu um bate-boca em uma coletiva e o técnico desandou a falar palavrões e a dizer que os repórteres estavam de “palhaçada”. No jogo seguinte, alguns jornalistas o esperavam de nariz de palhaço à saída do ônibus do Palmeiras.

Aí, o caldo entornou de vez.

Do micro (o futebol) para o macro (as eleições presidenciais), foi o que ocorreu também com presidente Lula durante a campanha. Ao ver que, a grosso modo, a mídia batia forte na candidata Dilma para levar o pleito ao segundo turno, resolveu ser ele mesmo a sua mídia. Lá foi ele, bem ao seu estilo, diga-se, para os palanques dar o troco à Imprensa, com a contundência e a verborragia que lhe é peculiar.

Cobrou-se – e cobra-se – do presidente Lula o respeito à liturgia do cargo.

O ocupante da instituição Presidência da República deve atuar como um magistrado no processo eleitoral. Pode até se incorporar à campanha de que almeja seja o seu sucessor. Mas, não se tolera que, do alto de seus 80 por cento de popularidade, perca a compostura e saia, de palanque em palanque, subindo o tom do debate político.

(Aquela história de extirpar o DEM, por exemplo, foi lamentável.)

Por outro lado, a Imprensa também é uma instituição e, quando verdadeiramente livre, transforma-se em um dos pilares da democracia.

A partir desse prisma, é saudável que também se paute pelo equilíbrio o feixe de comentários e análises, venha de onde vier.

Ao longo desses meses – e mesmo os oito anos de mandato – não foram poucas vezes que se viu nas páginas de jornal e revistas uma série de ataques ao presidente Lula, marcados pela intolerância e pelo revanchismo.
No popular, foram para o pessoal mesmo.

Há colunistas, inclusive, que se especializaram em achincalhar de Lula – e, com isso, até tiveram seus 15 minutos de fama. Mas, em nada contribuíram para am construção do debate democrático.

Dizia o Tonico Marques, meu primeiro editor: jornalista não pode ter tomar partido, nem ficar refém de divergências pessoais. A verdade em primeiro lugar. Se não, vira conversa de Maricota, papo de botequim, discussão de futebol.

Saudades do Marcão, o mestre.

Saudades dos amigos da Velha Redação que também se foram.

Que Deus os abençoe nesse Dia de Finados…

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