Foto: Arquivo Pessoal
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Ainda na esteira de mais uma tragédia que envergonha o Brasil aos olhos do mundo civilizado, permitam-me uma lembrança da velha redação de piso assoalhado e das ruidosas máquinas de escrever.
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Ai, do desavisado repórter e/ou colunista que usasse a expressão “país do futuro” em algum texto.
Enfrentaria o som e a fúria do mestre Zé Jofre:
“Que futuro, cara pálida?” – ouviria de pronto o incauto.
Não que o cético Zé Jofre não acreditasse em dias melhores para o Brasil.
Ele apenas não concordava com essa arenga – e justificava:
“Toda vez que iludimos o leitor com essa platitude, estamos adiando a necessidade da luta que hoje deve ser diária e incessante. O futuro para todos se faz em cada um nós, no aqui e no agora.”
Outra lição de Jofre:
“Os Donos do Poder falam em mudança para que tudo permaneça como está.”
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Difícil imaginar que, tantos anos depois, ainda tenhamos que reafirmar a razão do saudoso amigo.
O País se arrasta no presente – e parece firmemente ancorado ao pilar mais obscuro do passado.
Em alguma curva do caminho, o bendito sonho se perdeu.
Assim como o rumo e o prumo.
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Temo que mais essa tragédia na Amazônia, com o vil assassinato de de Dom e Bruno, seja mais um dos casos em que os mandantes saiam ilesos, impunes – e nunca sejam revelados.
Com a leniência e cumplicidade de quem hoje detém o Poder.
A propósito, e nunca é demais perguntar: quem mandou matar Marielle e Anderson em fevereiro de 2018?
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O que você acha?