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A escolha

Encontro o amigo Longman para um café, aqui, na Universidade.

Fomos contemporâneos da ECA/USP nos anos 70, fizemos os dois primeiros anos de disciplinas comuns juntos e depois ele escolheu cursar Publicidade Propaganda e eu me mandei para o Jornalismo. Naqueles idos era assim, todos entravam em Comunicação Social e, só no terceiro ano, escolheriam a carreira que queriam seguir – além dos supracitados, havia também Relações Públicas, Cinema, Rádio/TV, entre outros tantos.

A bem da verdade, eu o Longman só nos reconhecemos companheiros daqueles idos quando se organizou um desses reencontros da turma, trinta e tantos anos depois quase sem notícias uns de outros.

Não havíamos nos dado conta de quem éramos (O tempo é implacável, meus caros) e nos conhecíamos de vista na Universidade onde ambos trabalhamos.

De repente, na tal festa de congraçamento, topamos com a surpresa e a coincidência que o destino nos pregou.

II.

Sempre que nos encontramos por aqui (o Longman é excelente professor de Fotografia) é inevitável um papo as coisas do mundo (como Paulinho da Viola bem cantou naqueles idos) e uma recaída no túnel do tempo.

Ontem, não sei por qual motivo lembramos de como fizemos nossas opções. Disse que o Jornalismo me pareceu o curso com maior possibilidade de carreira para um suburbano como eu, além do que eu gostava de escrever. O amigo, por sua vez, não soube me dizer o porquê foi parar em PP.

Foi nesse momento que me lembrei da palestra que nossa classe presenciou do publicitário Neil Ferreira, um dos ícones do segmento naqueles anos.

Longman disse que não lembrava daquele encontro.

Então tentei lhe reavivar a memória.

III.

O cara era um descolado, cabelo no estilo, roupa colorida – e foi logo dizendo que largou as redações dos jornais “porque ali não se ganha legal” (40 e tantos anos depois, reconheço, é a mais absoluta verdade, mas vai se vivendo).

Ele balançou a cabeça. Negativamente.

Puxei outro trecho da palestra do fundo da memória:

– Lembra que ele contou como fez o anúncio do óleo Mazzola? Para provar que o produto era feito à base de milho, ele condicionou duas ou três galinhas a bicarem a lata. Lembra? Ele ainda comentou que, após as filmagens, todos estavam com tanta fome que comeram as galinhas.

IV.

Longman riu – e me garantiu que não lembrava mesmo. Acrescentou, no entanto, que o Neil àquela época produzia anúncios com as modelos mais lindas da praça.

– Será que depois das filmagens, ele também…

Nem foi preciso terminar a frase, todos ao redor já riram da nossa indiscrição. Aliás, se bem lembro, foi o que aconteceu com a nossa turma quando o Neil nos contou essa história.

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