Deve haver algum significado este súbito encantamento que provoca a cena que vejo nesta praça em um ponto qualquer da cidade.
O garoto – se tem dois anos, é muito – faz , desmancha e refaz o monte de areia, com sua pazinha de plástico colorido em um dos cantos do modesto playground.
Outras crianças correm pra lá e pra lá, debruçam-se nos brinquedos.
Falam, gritam, correm, se atropelam, divertem-se.
O garotão ali, não.
Fica na sua.
Não lembro como era quando tinha essa idade.
Imagino-me caladão também.
De algum modo, a algazarra da criança me traz um tanto de paz, de fé no futuro – raras especiarias para os tumultuados dias que vivemos.
Tenho vontade de me apresentar a eles:
Olá, crianças…
Sou um viajante de outro século que ainda caminha, repleto de sonhos e esperanças, pelo mundo de meu Deus – que, aliás, é o Deus de todos. Vivo de contar causos e histórias para que, lá no futuro, quando vocês tiverem no comando do Planeta não cometam os mesmos erros que eu e os da minha geração cometeram. Sejam mais tolerante com o próximo, desenvolvam virtudes como solidariedade e fraternidade, sorriam sempre, como agora fazem. Promovam a justiça social e a igualdade entre os homens, seja qual for a origem, a cor e o credo. Harmonia sempre, e a paz virá,…
Sei que a responsabilidade é enorme.
Mas, confio em vocês…
Recado (mentalmente) dado, sigo adiante, sem querer saber das notícias de hoje que, tenho certeza, são iguais as de ontem e mostram o mundo ladeira abaixo…
Infelizmente!