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A história não contada

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Foto: Cena do documentário Copa 71/Reprodução

Ha, ha… Peguei um erro no menu de filmes da Netflix.

Tem ali, em meio aos nomes das produções à bel escolha do assinante, um cartazete que anuncia no título:

COPA 71.

Rapaz, que erro crasso!

Muito me admira.

Não houve Copa em 1971.

Certo?

Foi em 70, gente boa, e o Brasil foi maravilhosamente campeão com aquele timaço de Pelé, Jairzinho, Gerson, Tostão & Cia.

Quem não sabe disso?

Está com nada essa Netflix.

Seja mais tolerante, sussuro para mim mesmo.

Pode ter sido um erro de digitação, não pode?

Ou será que houve mesmo Copa no México em 1971 – e eu que fiquei flanando na exuberância dos meus 20 anos e, seguramente, nunca ouvi falar empenhado que estava em coisiquinhas mais divertidas a se viver?

Ah, meus 20 anos!

Ops…

Penso melhor – e, se bem me lembro, houve um Mundialito entre as copas de 70 no México e a de 74 na Alemanha.

Será?

Não, nada a ver.

O Mundialito foi no Brasil – e em 1972, ano das abomináveis comemorações do sesquicentenário da Independência (?) amplamente reverenciado pelos ‘portentosos senhores’ da ditadura militar que por aqui mandava e desmandava, torturava e matava.

Deu uma ziguizira entre Pelé, nosso craque maior, e os mandachuvas da então CBD (ou já era CBF?).

Por fim, o Rei desistiu de participar do torneio.

Saiu de cena e não mais vestiu oficialmente a ‘amarelinha’.

Será que vão mexer nesse vespeiro tanto tempo depois?

Na dúvida, resolvo assistir o tal documentário Copa 71, no México.

E pimba!

Esqueça tudo que escrevi até aqui – e, aplauda amigo_leitor a iniciativa da Netflix em mostrar a Copa das mulheres que a Fifa tentou nos esconder.

Não houve erro de digitação. Menos ainda era sobre o nosso Mundialito sem Pelé.

Trata-se, sim, da primeira Copa do Mundo de Futebol Feminino e foi disputada em estádios do México. Reuniu a seleção do país anfitrião e mais as das Inglaterra, Dinamarca, Itália, França e Argentina.

Não, amigo, o Brasil não deu as caras nos gramados dos estádios Azteca e Jalisco, onde se deram as partidas.

Dá até para entender.

Nossa débil cartolagem nunca foi de enfrentamentos aos poderosos de plantão.

A Fifa decretou à execrecação pública o tal torneio.

Explico.

Alguns empresários resolveram, no embalo da Copa de 70, dar um repeteco na realizaçãio de um grande torneio de futebol aproveitando a estrutura de estádios mexicanos já existentes – e faturar uns bons trocados.

Foram na bola da vez – e, por conta e risco, bancaram o evento.

Os carrancudos da Fifa não concordaram e partiram para as ameaças.

Falaram em sanções, punições e banimentos caso clubes, instituições e federações apoiassem os jogos.

Jogos esses que só aconteceram em função da coragem e determinação de mulheres pioneiras que heroicamente toparam o desafio.

Foi bonito de se ver.

Algumas são personagens do documentário – e lembram tocantemente sobre aqueles dias de glórias e realizações.

Desconfio que me empolguei e já escrevi demais.

Paro por aqui, amigo_leitor.

Não quero lhe roubar as surpresas das cenas,

Assista ao documentário.

Aplauda as mulheres_guerreiras desbravadoras dos novos tempos.

Depois me conte o que achou da incrível história que não queriam nos contar.

SAUDADES DO ETERNO CAMISA 10 DA SELEÇÃO

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