Estou batucando o texto de hoje do notebook do meu simpático filho.
Meu computador pediu arrego em meio às minhas divagações sobre as eleições de hoje.
Quem diria?
A valente máquina que me acompanha há quase uma década me falha neste justo e precioso instante.
Tirei do sossego o rapazote que me acode nessas horas de piripaques cibernéticos-eletrônicos, um verdadeiro “fazedor de milagre” que já curou a santa carcaça do meu PC em várias e várias ocasiões.
Desta feita, ele foi lacônico no diagnóstico.
– Bad news, sr. Rodolfo. A placa-mãe já era…
Insensível que sou, sequer imaginei, um dia, que no âmago dessa caixa-escura existia uma senhora bondosa que acolhia a todos os comandos do teclado e era fonte de vida e luz.
Sem ela, soube então, nada resta.
Disse mais o bom moço:
– Não vale à pena consertar. Melhor comprar outro, mais moderno, com mais recursos.
Como disse ontem, sou um moço simples do Cambuci.
Sei, sem nada saber, dos meandros da vida e dos amores.
Respeito os vereditos da ciência.
Só gostaria mesmo de salvar as fotos de viagens que estão na “memória” da máquina que, imaginei, fosse para sempre.
"Não sei, não sei… Vamos ver", diz o rapaz que promete “fazer o possível e o impossível” para recuperar as imagens das minhas andanças mundo afora.
Ele leva a jabirosca para oficina.
E se despede, dizendo que ainda precisa votar.
Olho o vazio sobre a mesa. O teclado e o monitor em desalinho, sem vida. Desisto de escrever sobre as eleições – o que acho e o que não acho. Concluo que, no dia de hoje, não há nada mais sacrossanto do que o inalienável direito do voto. E que o mais saudável e oportuno que temos a fazer – nós, os tais comunicadores – é deixarmos as pessoas em paz para que votem de acordo com sua consciência.
Desconfio que foi esta a última lição que o meu falecido PC me deixou…