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A magia do futebol

Foto: Arquivo Pessoal/Jorge Tarquini

Eu lhes disse ontem, aqui, no Blog, que futebol “é mais memória afetiva do que ciência.”

Um belo exemplo é o relato de hoje de autoria do jornalista Jorge Tarquini.

O amigo era criança, estava no velho Palestra Itália quando o mundo quase acabou.

Leiam!

É puro encantamento.

Grande Divino!!!

Gostava muito dele, mas minha idolatria era pelo Dudu.

Eu tinha pouco mais de 4 anos quando, na manhã do domingo 6 de outubro de 1968, o Palestra jogava no Jardim Suspenso para um público bem mirradinho.

Meu pai e eu estávamos no antigo “reservado para sócios”, graças a um primo do meu pai que era sócio do clube.

De repente, não mais que de repente… um eclipse!

O dia foi virando noite, as luzes do estádio se acenderam, e ficou aquela luz esquisita de eclipse solar.

– Pai, o que está acontecendo?

O mundo está acabando, respondeu meu pai, um eterno gozador.

Imagina o meu desespero rsrs…

– Mas pai, hoje tem rigatoni e eu nem almocei…

– Tudo bem, quem estiver aqui debaixo dessa cobertura vai sobreviver. Você vai comer rigatoni.

Foi a senha para eu começar a berrar feito maluco:

– Dudu!!! Duduuuuuuu! Vem pra cá!!! O mundo vai acabar e você vai morrer se não vier pra cá!!!

Não lembro a reação das pessoas ao redor (mas lembro do meu pai rindo à beça)

Mas não é que o Dudu ouviu?

Acenou pra mim e fez o gesto para falar com ele depois do jogo.

E o que era idolatria virou paixão de criança.

Ah, claro, o jogo continuou, o eclipse acabou e eu, mesmerizado com a ideia de conhecer o Dudu, não vi mais nada do jogo – que, claro, levou uma eternidade para acabar.

O primo do meu pai nos levou até o vestiário e lá estavam todos eles: Dudu (claro), Ademir, Baldochi (que me pegou no colo, fingindo que ia me botar debaixo do chuveiro) e Tupãzinho (que era o ídolo do meu pai).

O mundo não acabou, comi rigatoni e ganhei uma memória de infância mágica com o Palestra.

Da geração seguinte, meus ídolos eram os “três L”: Leão, Leivinha e Luís Pereira.

Eu os conheci quando meus pais promoveram uma festa beneficente, na verdade um bingo beneficente, e convidaram os três para marcar presença (tenho até hoje a camisa do Palmeiras autografada pelo trio, que foi doada para ser sorteada e – adivinhe! – eu ganhei! Cartela cheia.

Sobre o autor…

Jorge Tarquini é jornalista, mestre em Comunicação, criador e diretor da Scribas Produção de Conteúdo, foi diretor de redação das revistas Quatro Rodas, Terra e DOM e editor da Revista de Jornalismo ESPM, pela qual ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo em 2013. Entre seus trabalhos como escritor estão “O Doce Veneno do Escorpião – Bruna Surfistinha” e o recente “Vinte Mil Pedras no Caminho”.

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