É a primeira vez que sou impedido de cantar no período democrático.
As pessoas esperavam que houvesse o show. Viram que nós viemos, vieram outros artistas, Criolo, Emicida, atrizes. Me viram juntos perto deles.
(A Justiça de São Paulo acatou o pedido do Ministério Público no sentido de impedir a apresentação da Ocupação São Medo, no bairro do Planalto, em São Bernardo do Campo)
Eu não sou técnico em questões legais.
Me sinto mal.
Fico com a impressão que não é um ambiente propriamente democrático.
É um modo de reprimir uma ação que seria legítima.
Mas apresentam justificativa por causa de segurança.
Acho que há má vontade deles.
Envolve a prefeitura da cidade, a parte jurídica.
Aceitei vir porque me interessou a questão.
Isso aqui (o terreno onde se alojaram 6 mil famílias) está há 40 anos sem função social.
A invasão tem sentido de exigir que a lei se cumpra.
A gente está perto das pessoas.
Viver e cantar.
II.
Caetano visitou a Ocupação e falou à imprensa.
O baiano não cantou.
Não deixaram.
Mas a marcha está nas ruas (foto: cutsp).
O pessoal caminha – até o momento sem maiores transtornos – pacificamente em direção ao Palácio dos Bandeirantes onde reivindicarão ter um lugar pra morar, viver, ser feliz.
Gente é pra brilhar
Não pra morrer de fome.
III.
O tiro saiu pela culatra.
A proibição do show teve ampla repercussão na Imprensa internacional.
O País mostra sua cara.
Os Donos do Poder mandam e desmandam.
Dizimam os mais legítimos direitos do homem comum, do cidadão mais humilde.
Negam o Brasil de todos os brasileiros…
IV.
Decisão de juiz não se discute. Cumpre-se!
O jargão do juridiquês não permite discussão.
Paula Lavigne, mulher e empresária de Caetano, prometeu que o show acontecerá. Não sabe quando, mas trabalharão neste sentido. Toda a questão da segurança e da infraestrutura, motivos alegados pela Justiça, será revista.
Enquanto o show não acontece, Caetano deu a letra:
– Ser impedido de cantar não é bom. Mais do que nunca é preciso cantar, como diz a música de Vinícius de Moraes (com melodia de Carlos Lyra, em “Marcha de Quarta-feira de Cinzas”) …
O que você acha?