O fim de semana esportivo foi de caça ao Gaúcho.
Nem o tropeço da seleção recebeu tanto espaço quanto as “pauladas’ que o ex-craque recebeu.
Houve até uma enquete a revelar que as torcidas dos principais clubes do País querem distância do ex-melhor do mundo.
(A Globo esqueceu de informar aos distintos telespectadores que não há peso científico nesse tipo de apuração.)
De repente,a líder de audiência e a Nação rubronegra descobriram:
Ronaldinho é baladeiro.
Mas, a Globo não é a única.
De um modo geral, me assusta o tom – muitas vezes – facistóide dos comentários da mídia esportiva.
Essas destemperanças nunca levam à nada.
Claro que há exceções, mas nesse caso a voz geral é a de quem se julga senhor da verdade absoluta. De quem sabe o que é certo e o que é errado para a vida do boleiro que, um dia, chegou a ser o melhor do mundo.
Brincamos de ser Deus. Queremos dar pitacos na vida alheia.
Alguém já disse: o jornalista não é juiz, não tem poder de polícia. Não manda prender, não manda soltar.
Para o jornalista esportivo, deve valer o que o tal e qual faz em campo.
Como podemos avaliar se o que faz na vida pessoal pode prejudicar a conduta futebolística?
É justo que diretores, representantes e aficionados do Mengo – ameaçados pela multa de 40 milhões de reais – se sintam decepcionados com o boleiro. Que se arvorem o direito de defender os interesses da nação rubronegra.
Ah!, mas ele é uma figura pública, alguém há de lembrar.
E daí?
Trata-se de uma pessoa como outra qualquer. Que faz o que bem quer da própria vida – e deve arcar com as devidas consequências de seus atos. Quando se trata de relações trabalhistas, óbvio, há direitos e deveres, assim como há direitos e deveres para a instituição que o contratou. Se ambos desenvolveram, ao longo desse ano e meio, uma convivência canhestra, com falhas de ambas as partes, eles que se entendam.
Ou se desentendam…