O Nasci tinha uma máxima para definir homens e mulheres quando enfrentavam as dores e os sabores de um relacionamento:
“A mulher espera. O homem se ilude.”
Como todos sabem, de tanto ler aqui, o Nasci era o mestre e o guru para a turma de repórteres chinfrins e assemelhados que se reunia, dia sim e outro também, naquele boteco que não existe mais – ali, na esquina das ruas Greenfeld e Bom Pastor, onde o Sacomã torcia o rabo e onde hoje está sólida e imponente a Estação do Metrô.
Sinal dos tempos, meus caros.
Mas, as palavras do Grande Nasci ainda hoje repercutem na vida deste, daquele, daquela e de tantos outros e outras que, incautos e incautas, caem na esparrela do amor romântico.
Pois é a mais pura das verdades.
Basta um brevíssimo sorriso da mulher para o tolo vislumbrar o paraíso, e acreditar-se amado.
Vá dizer ao moço que o sorriso é apenas uma manifestação de cordial simpatia!
O bufão vai lhe por para correr, pois ali ele acredita ver promessas mil, de sonhos e desejos.
Querem mais?
Passa pela cabeça de algum marmanjo que a doce mulher amada, em algum momento, sentiu-se atraída por outro homem que não ele?
Nunca, nunquinha.
O homem, portanto, se ilude.
Já a mulher – e toda a mulher – tem a clareza e a percepção de não colocar a mão no fogo pela fidelidade, mesmo que seja só em pensamento, do homem que está ao seu lado.
Por vezes, finge até acreditar nas suas juras.
Só espera que o tal faça – mas, bem feito – e que não apronte o suficiente para que vire um escândalo de proporções alarmantes. Que não possa segurar.
Enquanto isso, vai se assenhoreando do terreno até que o tal se molde exatamente ao que ela pretende e quer.
Espera pacientemente. Dá uma, duas, três chances…
Caso o ilustre cidadão, vacile ou não se encaixe no perfil projetado, ela tem pronta a resposta:
— Precisamos dar um tempo.
Se alegar o tradicional “você me sufoca” como complemento, é sinal que a vaca e o brejo são uma coisa só para o marmanjo.
A mulher insinua, não pede. E, quando muda, não faz a menor questão de nos avisar.
Já era, campeão.