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A noitada

Era uma dessas sextas ensolaradas de uma estação qualquer de um impreciso ano do passado algo remoto. Jornal nas ruas, a Redação resolveu comemorar mais uma semana de vida mais do que vivida.

A bem da verdade, bastava o Nasci dizer “vamos” – e lá íamos nós.

Começamos pela padaria da esquina da rua Bom Pastor com a Lucas Óbes. A primeira parada justificava-se por dois motivos: beber umas e outras e olhar a filha do portuga, a bela Marina, que vez ou outra dava o ar de sua graça por ali e ajudava o pai e a mãe no sacro ofício de dar de comer a quem tem fome e de comer a quem tem sede.

Explico logo que o meu pessoal, nessa hora, tinha sede. Muita sede.

Eu, não. Como meus cinco ou seis leitores sabem, só tomo Coca Light. Talvez nesses esmaecidos tempos, minha preferência variava entre a Coca normal e a Ginni – quem se lembra? Já os meus camaradas derrubavam legal dúzias de cervejas que rebatiam com goladas de cachaça ou de uma bebida estranha, chamada stainegger.

Lá, ríamos e contávamos nossas prosas vividas ou inventadas – importante era o enredo – até que, inevitável, batesse uma “fominha esperta” que nos levava a algum restaurante onde ficávamos até o dono nos expulsar. Naquela noite, se bem me lembro, foi O Rei do Frango Assado, ali na rua Padre Marchetti, próximo à avenida Nazaré.

Alguns debandavam no meio da jornada. Uns já não se agüentavam em pé. Outros começavam a regular a grana e também ficavam pelo caminho. E havia os que não tinham coragem de acompanhar a horda de breacos. Eram os sensatos.

No primeiro grupo, o dos trança-pernas, nunca me inclui. No segundo, o dos durangos, também não. Tinha um acerto com os mais chegados e rateávamos a parte de quem atravessava um momento difícil. Nunca tive vocação para herói. Mas, nessa noite, mesmo um tanto atarantado, eu fui…

* Amanhã continua…

[Texto publicado no livro "Meus Caros Amigos – Crônicas sobre jornalistas, boêmios e paixões"]