Foto: Arquivo Pessoal
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“E os livros como vão?”.
A pergunta me surpreende.
Noite de um sábado friorento, enquanto aguardo pacientemente o x-salada que pedi para ‘viagem’, o rapaz falante me sai com essa:
“E os livros como vão?”.
Falávamos de futebol à beira do balcão do quiosque na pracinha da matriz. Um palmeirense, outro corintiano. As provocações de sempre. Tudo dentro de cordialidade respeitosa – e, do nada, meu novo amigo pergunta e refaz a pergunta pela terceira vez:
” E os livros como vão?”.
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Fiquei atônito, confesso.
Não sabia o que responder.
O que diria um autor famoso?
– Ó tudo magnificamente bem. Estão vendendo muito. Constam entre os primeiros na lista dos mais-mais.
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Pois é.
Não sou autor famoso. Quiçá seja um autor.
Decididamente não sei o que lhe responder.
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Antes que o tal quadruplicasse o questionamento, num impulso, falo o que me veio à mente:
“Estão pelaí… Cumprindo a própria trajetória”.
Cumprindo a própria trajetória?
Ou seja, não disse nada com nada.
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Mas, o rapaz insiste.
Desconfio que exagera no interesse e na simpatia.
“Queria ler aquele que escreveu sobre Barreiro. Onde posso comprar? Queria ler.”
Esqueci de dizer – e digo agora ao preclaro leitor – que estávamos em São José do Barreiro, sob as bênçãos das montanhas da Serra da Bocaina, onde me escondo sempre que posso e a turma da fisioterapia deixa.
“O Paulinho leu e gostou. Queria ler também.”
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Conheço o Paulinho. Acho que foi o único que leu. Mas, me calo.
Continuo pasmo – e sem saber o que fazer diante do súbito interesse do meu interlocutor.
Digo que o livro está à venda na Internet. Poso de solícito: devo ter alguns exemplares em casa e seria uma honra presenteá-lo.
Ele sorri satisfeito.
No instante seguinte, o homem da barraca lhe entrega um pacotaço que deve conter, creio, lanches para toda a família.
O rapaz sorri e se despede.
“Legal, cara. Então a gente se vê.”
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E vai embora numa boa, passo apressado.
(Devia estar com fome.)
“Bom apetite, amigo! Até…” – digo e me ponho a remoer silenciosamente a pergunta que não quer calar:
” E os livros como vão?”.
Ainda agora não tenho uma resposta conclusiva para tão transcendental questão.
Penso que nunca a terei.
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De qualquer forma, na manhã de domingo, desço para a praça com um exemplar de “O que o Tempo leva…” debaixo do braço.
Vai que tope com o amigo-perguntador de novo.
Aqui, todo mundo se conhece. Cidade pequena, sabe como é, né?
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Amores são, amores vão e sempre serão!!!
9, junho, 2024Nao, nao, nao…
Não li somente, uma das tuas apaixonantes obras, como vários, fora outros autores que me regalaste, como: Conny, Paulo Coelho e Rubens Alves!!!
Dos teus, rapidinho me vem em mente:
– O que o tempo leva…
– Volteios…
– Notícias de um Romance inacabado… (confesso que esse eu amei, e como eu amei!!!)
– As margens plácidas do Ipiranga…
– Pela janela do mundo…
– O menino é o Natal
Tem outros mais que não me recordo o título ( me perdoe se não escrevi os títulos como são…), mas deixe de modéstia, nostalgia triste, porque és um autor incrivelmente, absurdamente, inexoravelmente apaixonante!!!!