01. Apesar de algumas vozes dissidentes e contrárias inteiramente a opinião pública, passou em segunda votação na Câmara Municipal o projeto de lei que restringe o número de perueiros em São Paulo. Agora só falta a sanção do prefeito Celso Pitta para que o projeto se torne Lei e passe a vigorar.
02. A partir de então, apenas e tão somente os 2 mil lotações que já possuem a licença oficial poderão continuar com suas atividades. Os demais estão fora de jogo, mesmo aqueles que possuem o protocolo municipal e aguardavam a licença definitiva. Estão todos na ilegalidade e se forem surpreendidos cometendo o insano ato de "trabalhar" terão o veículo apreendido e pagarão multa de até 2.500 reais. Uma calamidade.
03. O desenlace da questão dos "perueiros" representa uma derrota para todos nós. Explico: quando o sistema oficial de transporte público entrou em colapso e passou a desencadear seguidas greves, deixando o paulistano na mão, as lotações entraram em cena como uma solução temporária que acabou se consolidando graças ao bom desempenho. Portanto, foi uma solução encontrada junto à própria comunidade que resultou bons resultados. Seria, portanto, mais sensato que se normalizasse esse tipo de transporte, dando-lhe uma legislação própria, reforço aos itens de segurança e fiscalização. Extingüi-la pura e simplesmente me parece uma atitude arbitrária e de tristemente notável prejuízo social.
04. Vale lembrar que já circulam indícios de que este empenho do Executivo Municipal faz sentido. Vem aí um novo sistema de transporte por meio de micro-ônibus que estará sob a responsabilidade dos empresários que já atuam no ramo, os atuais concessionários do transporte público… Ou seja, os mesmos que perderam mercado para os "perueiros" por absoluta ineficiência.
05. Em síntese, vamos voltar a depender unicamente daqueles que, há anos e anos, mostram mais interesse em lucrar do que em servir à população. Uma lástima que justamente na semana em que o planeta se agita ao arrepio das mais longínquas bolsas de valores, o que vem a provar a fragilidade do tal processo de globalização, nós aqui, em Sampa, damos prova de que não sabemos valorizar o simples, o espontâneo, o verdadeiramente popular. São milhares de chefes de família que perdem seu sustento e acabam por engrossar a fila dos desempregados, para não dizer fila dos desesperados… E esse é só o começo de uma nova crise…