Foto: Divulgação/Bacurau, o filme
…
O Jornal da Tarde, vespertino que circulou em São Paulo de janeiro de 1966 a outubro de 2012, foi seguramente um dos momentos mais revolucionários da imprensa nativa. Uma escola de bom jornalismo. Destacou-se desde os primeiros exemplares como o primeiro veículo impresso pré-diagramado, com bem cuidado projeto gráfico, ênfase para as imagens e priorizando as grandes reportagens.
Seu primeiro editor-chefe, Mino Carta, reuniu uma belíssima equipe de profissionais dos mais variados naipes e procedências.
O estilo JT influenciou toda uma geração de jornalistas – a minha, inclusive.
Trabalhei como frila em vários períodos do jornal.
Foi uma aventura – e tanto.
Tomo a liberdade de postar aqui uma das reportagens.
…
Lembro que, certa ocasião, a chefia estava numa dúvida danada para escolher qual seria o assunto mais importante da edição.
Na tradicional reunião dos editores (que sempre define os tópicos da primeira página), não houve qualquer consenso sobre qual seria a manchete do dia.
O tempo passando, o horário de fechamento se esgotando e a primeira página em branco, tinindo… Sem o tal denominador comum entre os mandachuvas do jornal. Um queria a reportagem de Política, o outro a do Esporte e o terceiro, a de Economia.
Era uma discussão acalorada, e sem fim. Cada qual com seus argumentos super-válidos.
Até que alguém soltou a ideia:
Por que não deixamos o leitor optar pela manchete?
O vozerio de estranhamento foi generalizado, percorreu a redação, com a inevitável pergunta:
Como assim?
Importante adendo: estamos na década de 80 e – óbvio – nem sequer sonhamos com a tal interação com o (nem sempre) amável público leitor. Internet, redes sociais e o escambau da virtualidade sequer passam pela nossa acanhada e provinciana imaginação de seres brutos e analógicos.
Com resolver a questão, então?
Simples.
Divide-se o alto da primeirona em três blocos distintos e equivalentes, pinça-se as três principais notícias do dia – e o editor sapeca o título no alto da página:
ESCOLHA SUA MANCHETE
Dito e feito.
Um assombro…
…
Faço esta breve resenha aos meus prezados e bem vindos (estes, sim) cinco ou seis leitores e explico o motivo.
Não resisto a tentação de hoje copiar – e assim reverenciar nostalgicamente – o JT e uso o mesmo expediente para destacar, em nosso humilde Blog, o que de mais representativo encontrei na mídia nas minhas buscas de ontem.
Acreditem: vale o registro!
…
VERONICA PATRICIA ARAVENA CORTES
20, setembro, 2019Parafraseando a sabedoria da poesia musical, o novo sempre vem, mas continuamos ok mesmos. Rsrsrs