Cenas de uma tragédia anunciada
Até quando?
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…
Brincamos de entender a vida
Com os fiapos de nossos sonhos vãos
E nossa igualmente vã prepotência
De estarmos no controle
Escolhemos nossos governantes
Admiramos os que se anunciam justos e togados
Enaltecemos fortes e poderosos
Desta ciranda, não fazem parte
Os pobres, os desvalidos,
Os humilhados
Assim é a vida – alguém nos diz
Com olhos cúmplices
Anos convencer que estamos
Entre os escolhidos
Até que a dura realidade se impõe
Única, aterradora, definitiva
Só então nos recolhemos
À real insignificância
Do que somos:
– Podia ser eu, ali!
Solidários na dor
Espalhamos, em transe, que
Aprendemos a lição,
Juramos nos fazer melhor
Mais humanos, fraternos, participativos
Dias depois, almas serenadas,
Lá estamos a dissertar
Sobre o tudo e o nada
Até que outra tragédia nos abata
E outra vez – e indignamente –
Clamemos a Deus por piedade,
Senhor, piedade…
O que você acha?