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A Turma do Deixa-Disso

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Foto: Arquivo Pessoal

Tem uma crônica antiga do genial Luis Fernando Verissimo – chama-se Briga Boa, creio.

É dos anos 90, período do governo Éfe Agá – e me veio à memória na manhã de domingo.

Falo do texto, depois lhes dou o motivo que provocou a lembrança.

Conta o cronista que, certa feita, imaginou um grupo de super-heróis nos moldes desses que se vê nas histórias em quadrinhos e nos filmes.

Essa new patota se chamaria adequadamente de…

A Turma do Deixa-Disso.

Sempre que a missão fosse demais para nós, incautos e frágeis seres humanos, os pimpões apareceriam e, em lugar de socos, bordoadas, pontapés, saltos e raios exterminadores, os valentes do Bem entrariam em cena para apaziguar os ânimos, conter os brigões e, como se diz hoje, passar o pano nos mal-entendidos.

Sua única e verdadeira função seria a de exterminar os entreveros com palavras sensatas e bom-senso.

Ah!

Verissimo, se bem me recordo, ressalta que a sede dos notáveis seria provavelmente na Suíça.

Isto posto, salto para Bernô City onde moro e me escondo.

Explico.

Por aqui, há algumas semanas, deu-se o larga na tal corrida eleitoral para a Prefeitura e a vereança da outrora pujante cidade.

Pipocam aqui e ali outdoors com as imagens altaneiras de supostos candidatos a exibir o mais alvo sorriso e a inquebrantável simpatia, com a clara iniciativa de cooptar o voto do distraído eleitor.

Não sou um sambernadense raiz – e, mal e mal, sei quem são o ditos-cujos.

Daí minha isenção.

Mesmo assim, desconfio que a disputa será acirrada especialmente entre os postulantes à giratória cadeira de prefeito.

Enfim, chegamos à manhã de domingo.

Estava eu, pacata e gulosamente, na fila para comprar o almejado frango assado na padaria perto de casa.

Deu-se, então, o ocorrido.

Um senhor, dois ou três postos atrás de mim, avistou o bendito cartaz do prefeiturável e não se conteve. Passou denegrir a imagem do candidato Fulano que aparecia risonho e familiar na foto. Na sequência, o mesmo senhor se pôs defender a candidatura do Sicrano no que foi repreendido por outros tantos que, me pareceu, prefeririam Beltrano.

Alguém gritou que juntando, Sicrano, Fulano e Beltrano, não dava meio. Era tudo “farinha do mesmo saco”.

Lá no fim da fila,um gaiato não se fez de rogado – e se pôs a cantarolar o conhecido samba de Bezerra da Silva:

“Se gritar pega ladrão…

Não fica um, meu irmão.”

A coisa ameaçou descambar.

Foi quando entrou em ação o hábil Milton, que nos atendia pacientemente. a comandar a famosa churrasqueira “Prazeres das Carnes”.

Fez generosa distribuição de nacos de costela para a degustação da turma dos enfileirados.

Resultado:

Pausa para a mastigação.

Silêncio reparador.

E a paz voltou a reinar.

Tive, neste momento, a impressão de que o camarada Miltão fez estágio entre os super-heróis na Turma do Deixa-Disso.

Agiu com sabedoria e presteza.

Queria lhe perguntar onde foi o estágio e cousa e lousa.

Mas, não deu tempo.

Sem dizer uma palavra sequer, o super Milton convenceu-me a levar, além do franguinho de praxe, um bom pedaço de costela para o almoço de domingo.

Valeu.

Estavam saborosíssimas as costelinhas.

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