Sign up with your email address to be the first to know about new products, VIP offers, blog features & more.

Adeus à crônica

Foto: Arquivo Pessoal

Meu amigo José Reis, o mago do designer-gráfico dos meus livros, me encaminha o texto abaixo, de autoria de Julián Fuks, publicado dia desses no portal UOL:

Adeus à crônica: sobre o fim silencioso e tímido de um gênero literário

E faz a pergunta:

“O que você acha?”

Respondo a ele e aos amigos leitores.

Concordo plena e tristemente com a argumentação do moço (tem a idade do meu filho), tido e havido como um dos mais promissores nomes da atual literatura brasileira.

Recomendo a leitura do artigo.

Se interessar ao amável leitor, basta dar um clique no título.

Vá lá – eu espero.

Leia – e depois volte aqui para continuarmos a conversa.

Pois exatamente isso é a crônica.

Uma conversa entre o autor e o leitor.

Uma conversa repleta de nuances e delicadezas que nem sempre a objetividade da reportagem ou o tom professoral das colunas e artigos contemplam.

O Velho Marques, meu primeiro e inesquecível editor (ele próprio um bem-humorado cronista), dizia que a crônica era o espaço onde a emoção sobrevivia dignamente nas páginas dos jornais.

Particularmente, adoro a definição.

Já lhes contei aqui, em crônica/post anterior, que tinha como uma das minhas tarefas diagramar a crônica semanal de Fernando Sabino que o jornal adquiriu os direitos para publicação na cidade de São Paulo.

O material chegava pelos Correios na tarde de terça-feira, num envelope pardo.

Vinha direto para minha mesa.

(Â época, jornalista tinha mesa, e mesa com gavetas.)

Eu deveria ler o conteúdo, contar o número de linhas, toques e espaços entre cada palavra nas laudas para, enfim, acomodar a preciosidade na página 5 da Gazetinha.

Poderia ser na página 7 a depender do número de páginas e dos anúncios na edição.

“Sempre com destaque e em páginas ímpar” – era a regra.

Aproveitava para fazer uma leitura demorada – e me deliciar.

“Queria escrever assim”, pensava.

Outros tempos, meus caros.

As pessoas se falavam. Trocavam confidências. Encontravam-se. Tergiversavam sobre a vida e os amores.

Diria até que se interessavam sinceramente umas pelas outras.

Hoje a coisa não é propriamente assim.

É tudo mais fluído, rápido e estranhamente individualiazado.

“Eu penso que…”

“Acho que…”

“Na minha opinião…”

Vale o zap.

O Tik-Tock.

O twitter que virou um arrogante X.

As tais hegemonia perturbadora das redes sociais.

Sob o domínio da sensação; não do sentimento.

E todos a se imaginar um lindo-lindão apresentador da GNT.

Enfim.

Eis o dilema que o autor do texto, Julián Fuks, detectou – e que enfrento neste meu humilde e despretensioso cotidiano blogar.

Insisto – e não desisto.

É a forma que tenho de estar próximo aos amigos.

LUTO

Triste notícia para a cultura brasileira. Morreu ontem, no Rio de Janeiro, a atriz Aracy Balabanian que tanto nos encantou com seus múltiplos trabalhos na TV e no teatro. Tinha 83 anos. Nossas reverência e saudades.

1 Response
  • Amândio Martins
    9, agosto, 2023

    Caro Rodolfo,
    Sou suspeito.
    Adoro crônicas.
    Sen-sa-ci-o-nal como sempre.
    Forte abraço.

O que você acha?

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Verified by ExactMetrics