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Agnaldo Timóteo

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Foto: Divulgação

Faço o registro porque não li nada a respeito – e considerei, no mínimo, injusto.

No domingo que passou, dia 3, completou-se o primeiro ano da morte do cantor Agnaldo Timóteo (1936/2021).

Foi um grandíssimo cantor. Um dos mais populares da segunda metade do século 20.

Também um dos mais polêmicos.

Figura extrovertida – e provocadora.

Flanou pela política.

Foi vereador, deputado valendo-se sempre da própria intuição.

Que, diga-se, nem sempre primou pela coerência e lógica

Começou apoiando Paulo Maluf e terminou seus dias reiterando total apoio ao ex-presidente Lula, “um homem do povo”.

Timóteo também se entendeu como um homem do povo e mais: negro e independente.

Por isso, se disse muitas vezes discriminado.

Nem por isso deixou de ser quem desejou ser.

Um lutador, mas, sobretudo, um grandíssimo cantor. Dono de inúmeros sucessos.

“O Grito”, de Roberto e Erasmo, e “Os Verdes Campos da Minha Terra” (versão de Green Green Grass Of Home) talvez tenham sido os mais marcantes.

Mas, houve outros ao longo de mais de 50 anos de carreira.

Certa ocasião, ouvi do jornalista e escritor Nélson Motta que Timóteo era “artista de primeiro escalão” do nosso cancioneiro popular.

Motta falava a plateia de jovens que desejavam enveredar para o nicho do jornalismo cultural.

Causou surpresa à distinta plateia.

Vivíamos os tempos das malfadadas patrulhas ideológicas.

Por isso, a observação de que deveríamos todos entender a dimensão de um cantor popular ao falar diretamente para o grande público. Um público distante das castas mais abastadas e, digamos, supostamente mais intelectualizadas.

Não lembro exatamente se foram essas as palavras que Motta usou, mas entendi perfeitamente o que quis dizer.

E, confesso, passei a ver Timóteo e outros com outros olhos.

À época, era produtor de uma programa de rádio numa emissora FM metida à grã-finagem. Inclui na mesmo semana o clássico “Ave Maria” na soberba interpretação de Timóteo na programação da semana.

Uma ousadia?

Fiz com as melhores intenções.

Também pautei um programa com cantores tidos populares, tal e qual Timóteo, cantando grandes autores.

Horas depois recebi a ligação de um dos programadores.

Havia vetado a canção e o projeto.

– Agnaldo numa programação FM, você está louco? Vai por mim, o diretor não vai gostar.

Tentei argumentar.

Em vão.

Entendi que era perda de tempo.

Nunca entenderiam. Nem se o próprio Nélson Motta tentasse lhes convencer.

Saí da rádio.

Tive a noção do tamanho da luta que permeou os 84 anos de vida de Agnaldo Timóteo.

….

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