Na infância, o primeiro contato com o esporte foi aos cinco anos. O pai, Alves Teixeira, era locutor de futebol na Rádio Bandeirantes – e a mãe fazia questão de levar as filhas ao estádio para ver o pai trabalhar. Encostada no alambrado do Pacaembu, a menina já fazia os primeiros questionamentos:
— Aqui, não é coberto. Eu não gosto de tomar chuva.
Mal sabia ela que aquele contato com o futebol, antes uma obrigação familiar, se tornaria quase diário no restante de sua vida.
Na hora de escolher uma profissão, porém, não foi o futebol que falou mais alto. Ela escolheu fazer a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e estava decidida a conviver com advogados e juízes. Só que o destino a pegou de surpresa e, assim que se formou, em 1963, aos 26 anos, recebeu um convite do jornalista Geraldo Bretas para trabalhar como cronista no jornal A Gazeta Esportiva.
– Mesmo sem saber nada do jornalismo, eu aceitei. Meu pai não me impediu, mas impôs uma condição: que eu não me envolvesse com jogadores.
*Depoimento de Semiramis Alves Teixeira, a primeira jornalista mulher a trabalhar com esportes no Brasil. A trajetória dessa pioneira e de mais nove mulheres que trabalham com futebol – Regiani Ritter, Sílvia Vinhas, Denise Mirás, Soninha Francine, Marília Ruiz, Renata Fan, Joanna de Assis, Renata Cuppen e Natalie Gendra – está no livro reportagem “Agora É Com Elas”, de autoria de Daniele Caldeira, Débora Alfano, Júlia Rodrigues e Paula Ramos. O livro é um trabalho de Conclusão do Curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo. Foi apresentado e aprovado hoje em banca.
Parabéns às autoras, jovens jornalistas.