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Ainda o livro…

A voz ao telefone ganhou contornos mais graves, mas é facilmente identificável.

O garoto virou homem. Sei que é antropólogo e desenvolve uma brilhante carreira.

É o Júnior.

Claro que é ele.

Nem esse tempo todo em que a vida nos levou por trilhas diversas me impede de reconhecê-lo – e, de pronto, me causar uma grata emoção.

É o Júnior, filho do grande e saudoso Nasci.

Percebo que ele também mastiga as palavras, tocado pelo mesmo sentimento.

As saudações e o início da conversa são marcados por esse tom.

Fico feliz por saber que, com ele, está tudo muito bom, está tudo muito bem.

Tem uma filhinha linda – e logo imagino o vovô Nasci, todo prosa, a falar da arte e da graça da garota.

Mas, o motivo da ligação é outro.

Ele e depois as irmãs leram uma crônica que aqui escrevi tempos atrás – A Noitada – e ficaram tocados pela lembrança do pai. Uma delas até postou um comentário ressaltando que, a partir daí, pode conhecer, por inteiro, a figuraça que foi – e tanta falta faz – o Nasci, mestre e mentor de todos nós, então jovens e inconseqüentes repórteres da velha Redação assoalhada.

Júnior propõe, então, que eu escreva um livro sobre “aqueles tempos gloriosos”.

Pouco mais que um menino, Júnior, por vezes, nos acompanhava noite adentro em jornadas inesquecíveis, de conversa em conversa, de bar em bar, de histórias em histórias.

Acho legal a sugestão do livro.

Mas, não me vejo apto a tal tarefa tão formal

Sou um velho repórter vira-lata.

Ademais, de um modo ou de outro, muitas das nossas andanças, aventuras e desventuras, já foram retratadas por mim neste mesmo blog ao longo desses quase quatro anos.

É o que basta para que o Júnior me faça a proposta. Que eu reúna e organize essas crônicas e lhe envie assim que puder.

É o que faço, já imaginando o resultado final.

Meses depois, chego em casa e lá está o maravilhoso presente – uma pilha de caixas com os exemplares de Meus Caros Amigos – Crônicas Sobre Jornalistas, Boêmios e Paixões.

Em resumo, é um livro que celebra a amizade e a saudável insanidade de ser jornalistas naqueles idos tempos em que era possível sonhar e acreditar em um Brasil de todos os brasileiros.

(Divagações de um autor enquanto espera para participar do Encontro de Autores no XXXIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, realizado no fim de semana passado, em Caxias do Sul.)

** FOTO NO BLOG: Eduardo Sales

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