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Ainda a tragédia das águas

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Fotos: Lauro Alves/Secom, RS

Mesmo aqui, em minha modesta e ensolarada aldeia, ouço ecoar borrifos e ilações sobre a tragédia que se abate inclemente no Rio Grande do Sul.

São conversas dispersas e ilações que acompanho, sem nenhum entusiasmo, diga-se.

Faço uma breve apanhado dos relatos.

1 – FUTEBOL

O campeonato brasileiro de futebol deveria parar em respeito aos clubes do sul que estão, por óbvio, impossibilitados de pensar em qualquer coisa que não seja em mitigar o sofrimento dos gaúchos.

“Será que um gol paga o preço de uma vida” – disse o craque Giuliano em entrevista à Sportv que, ontem, repliquei aqui no Blog.

Palmeiras, São Paulo e Flamengo, entre outros clubes da série A, ofereceram os próprios Centros de Treinamentos e estádios para acolher os desabrigados boleiros do Inter, Grêmio e Juventude para que o certame não tenha que ser paralisado.

Em resposta – que causou desnecessária polêmica – o presidente do Grêmio, Alberto Guerra, deixou claro ao UOL que a prioridade agora “é salvar vidas”.

“O futebol está em segundo plano.”

E concluiu:

“Acredito que, só nos ofereceram os CTs e os estádios porque não sabem o que estamos passando.”

2 – POLÍTICA HOJE

A influência dos parlamentares na flexibilização das leis de proteção ambiental, aliada à fraca resistência do governo Lula, é um dos cernes da tragédia ocorrida no Rio Grande do Sul, segundo Suely Araújo, coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima, em entrevista para o Intercept Brasil. Alterações no Código Ambiental têm sido aprovadas em ritmo acelerado, em um cenário onde o chamado “Pacote da Destruição”, composto por 20 projetos de lei que minam a legislação ambiental, está prester a ser aprovado no Congresso. 

3 – GOVERNOS ANTERIORES

De 2015 até os dias atuais, as verbas ministeriais para Prevenção de Desastres Ambientais despencaram de 6 bilhões de reais para algo em torno de 1 bilhão de reais e quequérecos.

Ou seja, descaso e omissão absolutos.

4 – OS INFAMES

Informações generalizadas dão conta que gananciosos e desprezíveis tentam tirar proveito de tamanha desolação ao espalhar fake-news, saquear residências abandonadas às pressas, praticar abusos nos abrigos e prospectar ganhos politicos e pessoais.

Esses, os infames, sempre existiram. Infelizmente.

5 – ESPERANÇAR

O querido amigo José do Nascimento Júnior me envia imagens de vasto congestionamento de automóveis, todos em fila e pacientemente esperando para chegar ao posto de arrecadação na Base Aérea de Brasília – e diz emocionado: “E a maior demonstração de solidarieda que já vi,”

“Já chorei um tantão” – conclui.

É mesmo louvável – e de comover – as manifestações generalizadas de apoio às vitimas da tragédia das águas no Sul. As campanhas de doações e os voluntários que se empenham nessa jornada demonstram o que o ser humano tem de melhor.

Que nem tudo está perdiddo.

Hoje o senhor da banca de especiaria na feira, do nada, saiu-se com essa:

“O povo gaúcho é trabalhor. Logo, logo, vai estar de pé e forte, como sempre foi.”

Concordei com ele.

Resistir, com esperança e empatia social – eis o desafio.

Ainda nenhum comentário.

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