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Ainda sobre as eleições…

Conversa inevitável hoje por todos os lugares onde andei: a vitória de Gilberto Kassab em São Paulo e a repercussão do feito num futuro bem próximo. Já dissemos isso ao fim do primeiro turno e reiteramos agora: outro grande vitorioso foi o governador José Serra que saiu desta candidatíssimo à sucessão de Lula daqui a dois anos.

II.

Aliás, percebo nitidamente certo ufanismo entre os vitoriosos e seus eleitores. Ao que anunciam já está tudo nos conformes para 2010. Dá Serra na cabeça, com apoio da popularidade emergente de Kassab, entre outras lideranças país afora.

III.

Ontem mesmo na TV vi um tucano de rica plumagem (que, diga-se, trafega com a mesma desenvoltura pelas alas de Alckmin e Serra) anunciar uma futura provável dobrada de Serra com o governador mineiro Aécio Neves que sairia como vice.

IV.

Até a recatada apresentadora animou-se com a possibilidade. Diria até que quase deixou escapar um eufórico “imbatível”. Quase. Um cientista político que também participava do programa tratou de sensatamente fazer a ressalva:

— Não é uma dobradinha tão simples de se costurar.

V.

O moço tem razão. Ele não disse que não era possível. Explicou que há, desde já, diversos interesses em jogo – e de todas as partes envolvidas no perigoso jogo do Poder. Especialmente por que em política sempre vale lembrar o tal dito popular: “Se o cavalo passar atrelado, trate de montar. A gente nunca sabe quando vai passar de novo. Não sabe até se vai passar”.

VI.

Pensem comigo. Não seria fácil convencer Aécio esperar, no mínimo, mais quatro anos. Quais os caminhos que ele precisaria seguir para continuar na cena política e na mira da mídia nacional?

VII.

Tem outra. Podem ser oito anos, claro. Pois, se José Serra vencer, vai querer dar um repeteco em 2014, certo?

VIII.

O governador de Minas é jovem – anda pelos 40 e tantos –, pode esperar. Mas, a questão é outra. Em política, a gente nunca sabe para que lado vira o vento. Olha o que aconteceu em São Paulo. Quando o tal cavalo vai passar atrelado? Kassab era o azarão. Marta e Alckmin puxavam a lista de intenção de votos. Em agosto, houve rumores de que Marta, então favorita, precisou tranqüilizar a ministra Dilma Roussef que, mesmo se vencesse em São Paulo, não postularia concorrer à Presidência da República em 2010. De repente, Kassab atropelou – e, de certa forma, ocupou o espaço na reta de chegada e se transformou num fato novo e relevante.

IX.

Hoje os jornais já anunciavam o prefeito reeleito como “uma liderança nacional”. Ou seja, não é mais apenas um peão no tabuleiro do jogo político para 2010. Toda e qualquer negociação que houver para uma eventual coalizão no futuro, certamente terá Kassab como um dos interlocutores – e com sua nova pose de vencedor.

X.

Quanto a Aécio, é indiscutível tem hoje um alto cacife para negociar; tanto de um lado como de outro. Já ouvi de petistas que ele seria um bom nome para ser vice de Dilma Roussef. Mas, não tenho dúvidas, como bom mineiro que é, só vai se pronunciar após matutar e matutar. Ouvir todos os lados e só então se pronunciar em causa própria.

XI.

Resumo da ópera. Tem muita coisa pra acontecer até 2010.

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