A propósito de nossa conversa de ontem – e também na esteira de mais uma sacudida eliminatória do programa The Voice Brasil – permitam-me, caríssimos e fiéis cinco ou seis leitores, fazer um registro.
Aspas para mim:
“A parceria TV e música é fundamental, importantíssima mesmo, para que essa garotada boa de voz e de ouvido ganhe o espaço e a dimensão que merece”.
É indiscutível a relevância da TV na construção de alguns dos grandes momentos de nossa música popular – insisto em reafirmar, nossa mais representativa manifestação artística. Seja nos anos efervescentes anos 60, com a chamada Era dos Festivais no auge da TV Record, quando se destacou a notável geração de 1942 – Caetano, Gil, Chico Buarque, Edu Lobo, Milton Nascimento, Benjor, Paulinho da Viola e outros tantos e tamanhos. Seja nos anos 70 e 80 quando as trilhas das novelas transformaram em hits músicas de Gonzaguinha, Rita Lee, Frenéticas, entre outras.
Só para constar: à época, o Brasil chegou a ser o terceiro maior mercado fonográfico do mundo.
Depois desses períodos, houve um distanciamento natural ou por desgaste ou pelo avanço de outros gêneros como o talk-show, o esporte e mesmo jornalismo.
Penso que o The Voice/Brasil (que vem mantendo uma boa audiência, chegando a bater recorde de 35 por cento nesta faixa de horário) pode vir a ser uma boa ponte para recuperação (e valorização) de nosso cancioneiro popular.
Único senão que vejo é o excesso de estrageirismos. Seja nos números apresentados, seja nos maneirismos vocais.
Não se trata de um veto – e, sim, de valorizar nossa identidade cultural.
É o The Voice/Brasil, cara!
Já disse e repito, temos a mais diversificada música popular do mundo.
Não precisaríamos passar pelo constrangimento de saber que dois jovens promissores talentos pouco ou quase nada ouviram falar da obra de um tal de João Gilberto.
Aconteceu isso no programa de ontem. Lamentavelmente.