Faço coro entristecido a todos os que hoje lamentam a morte do jornalista Alberto Dines, ontem, em São Paulo, aos 86 anos.
Dines sempre foi uma referência para os jornalistas. Especialmente para os da minha geração.
Na Universidade, como estudantes de Jornalismo, a coluna Jornal dos Jornais, na Folha de S.Paulo, nos fazia refletir sobre a profissão que queríamos abraçar.
Os desafios.
Os comprometimentos.
O rigor na apuração das notícias.
O respeito à verdade factual.
A questão ética. Crítica e fiscalizadora.
A independência.
O jornalismo como instrumento de transformação social.
O jornalista como historiador do cotidiano.
Ao lado de outros grandes nomes da Imprensa – acrescento que nenhum deles era dono ou filho do dono ou parente do dono ou amigo do dono ou do filho do dono -, Dines nos estimulou a fazer do jornalismo – perdoem-me o jargão – uma profissão de fé. Uma escolha, quase missão, diante daquelas inquietações opressoras e nefastas daqueles meados dos anos 70. E que ainda seguem, ainda hoje, quase intactas.
Dines teve outros trabalhos representativos. Muitos e tantos e tamanhos. Mas, prefiro me ater à coluna inovadora e corajosa que, no fundo, foi a célula embrionário do Observatório da Imprenso e seu slogan emblemático: “Você nunca mais vai ler jornal do mesmo jeito”.
Foi fundamental, como disse, para a formação de uma leva de jornalistas que, mesmo sem a grandeza do mentor, honraram a lida a partir dos ensinamentos do grande Alberto Dines,
Num tempo em que se vê os grandes meios de comunicação envolvidos em interesses outros que não o bem comum; num tempo em que ouço jornalistas falar que possuem “clientes”, que se arvoram a influenciadores e youtubers, que se mostram engraçadinhos e flertam com o entretenimento e tantas novidades a que chamam de modernidade; nesse tempo, meus caros, estou convicto que as lições de Alberto Dines nos farão uma falta danada…
O que você acha?