Diante daquele broto de fino trato, Almeidinha jurou que naquele exato instante terminaria o seu calvário.
Meses e meses pensando e pensando na ingrata da Derenice, a imaginar sua volta que não acontecia e não aconteceu.
Melhor assim.
Agora era a vez de ser feliz ao lado de Amarílis.
Chegou a hora da virada, sacramentou.
Aliás, os salamaleques de Almeidinha, o conquistador, para cima da jovem se transformaram no assunto da semana. A cada instante, o velho jornalista arranjava um motivo para rodeá-la em sua mesa de trabalho. Fez questão de substituir um repórter numa simples matéria de buraco de rua – e, óbvio, levou Amarílis consigo para ter uma aula de jornalismo investigativo.
Desconfio que foi aí que, na redação, consagramos a expressão ‘vergonha alheia’.
Sabem qual?
Pois é.
Gostávamos de Almeidinha – e não estávamos habituados a vê-lo assim tão abestalhado.
Coisas do coração.
No fim do expediente de sexta-feira, deu-se o inevitável.
Assim que a estagiária se despediu, Almeidinha correu à floricultura, escolheu o mais belo buquê de flores, caprichou nos versos – e enviou para elazinha (o endereço ele surrupiou no RH da empresa).
O fim de semana, para Almeidinha, foi uma espera só.
Inclusive projetou a imagem do novo homem que seria ao lado de Amarílis. Aposentaria a gravata fininha, sóbria, de cor escura. Talvez até abandonasse o uso do paletó. Compraria uma jaqueta. Isso, uma jaqueta, camisas pólos o deixariam mais moderno, mais descolado.
E foi com esse visual, surpreendente para todos, que o vimos chegar na segunda-feira, aboletar-se na cadeira, com o olhar fixo na porta à espera de Amarílis.
Nem bom-dia nos deu, o desvairado.
* AMANHÃ CONTINUA…