Não gostaria, mas é minha obrigação jornalística quebrar o encanto da história logo nas primeiras linhas dessa terceira parte.
Seguinte.
Vamos aos finalmentes.
Amarílis não apareceu naquela segunda, nem na terça, na quarta…
Rnfim, não deu mais o ar da graça na Redação – e, óbvio, que o Almeidinha ficou um muxoxo só.
Pior que aquela roupinha modernosa não combinava nada com ele.
Só fazia acentuar o tamanho da solidão que o esperava.
Mal curado da dor de corno de Derenice, o amor que vivera ainda que sabe-se lá a que custo, agora se via obrigado a enfrentar a dor de um romance que nem chegou a viver.
Mas, Almeidinha, o último dos jornalistas românticos, era um forte – e resolveu encarar a realidade dos fatos.
Corajoso que só, pediu à moça do RH, aquela mesma que lhe passou o endereço, que telefonasse para Amarílis para desvendar o mistério daquele desaparecimento “assim do nada e por nada”
— Por nada, não; respondeu Amarílis sem alterar o tom sereno da voz. — É que aquele senhor, como é mesmo o nome dele?, me enviou flores e….
— E daí? Você não gosta de flores? Então…
— É que houve um probleminha, uma coincidência…
— Probleminha? Coincidência? Qual?
— É que elas chegaram junto com o meu namorado, que é ciumento pra dedel.
— Ah! Entendi…
— Não entendeu, não. Ele queria matar o tiozinho. Para evitar confusão, combinamos que eu desistiria do estágio. E ele esqueceria essa bobagem das flores. Que, coitadas, ele nem deixou que entrassem em casa. Foram diretas para o lixo.
Sorte que naquele tempo não existia viva-voz. A moça do RH fez uma tradução light do que ouvira de Amarílis – disse que ela desistiu do jornalismo e, consequentemente do estágio. Mas seria bom que, por via de todas as dúvidas, o Almeidinha evitasse passar pelas redondezas da rua onde a bela Amarílis morava.
O velho jornalista se fez de desentendido, mas captou o recado.
Só não passou recibo que otário otário ele não era.
Para que não houvesse dúvidas sobre o ocorrido, no dia seguinte, lá estava Almeidinha impecável em seu terno cinza e a tradicional gravata fininha em tons sóbrios e escuros a estampar o que lhe ia à alma e no coração.
* FOTO NO BLOG: Praga/arquivo pessoal