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Amarilis (3)

Não gostaria, mas é minha obrigação jornalística quebrar o encanto da história logo nas primeiras linhas dessa terceira parte.

Seguinte.

Vamos aos finalmentes.

Amarílis não apareceu naquela segunda, nem na terça, na quarta…

Rnfim, não deu mais o ar da graça na Redação – e, óbvio, que o Almeidinha ficou um muxoxo só.

Pior que aquela roupinha modernosa não combinava nada com ele.

Só fazia acentuar o tamanho da solidão que o esperava.

Mal curado da dor de corno de Derenice, o amor que vivera ainda que sabe-se lá a que custo, agora se via obrigado a enfrentar a dor de um romance que nem chegou a viver.

Mas, Almeidinha, o último dos jornalistas românticos, era um forte – e resolveu encarar a realidade dos fatos.

Corajoso que só, pediu à moça do RH, aquela mesma que lhe passou o endereço, que telefonasse para Amarílis para desvendar o mistério daquele desaparecimento “assim do nada e por nada”

— Por nada, não; respondeu Amarílis sem alterar o tom sereno da voz. — É que aquele senhor, como é mesmo o nome dele?, me enviou flores e….

— E daí? Você não gosta de flores? Então…

— É que houve um probleminha, uma coincidência…

— Probleminha? Coincidência? Qual?

— É que elas chegaram junto com o meu namorado, que é ciumento pra dedel.

— Ah! Entendi…

— Não entendeu, não. Ele queria matar o tiozinho. Para evitar confusão, combinamos que eu desistiria do estágio. E ele esqueceria essa bobagem das flores. Que, coitadas, ele nem deixou que entrassem em casa. Foram diretas para o lixo.

Sorte que naquele tempo não existia viva-voz. A moça do RH fez uma tradução light do que ouvira de Amarílis – disse que ela desistiu do jornalismo e, consequentemente do estágio. Mas seria bom que, por via de todas as dúvidas, o Almeidinha evitasse passar pelas redondezas da rua onde a bela Amarílis morava.

O velho jornalista se fez de desentendido, mas captou o recado.

Só não passou recibo que otário otário ele não era.

Para que não houvesse dúvidas sobre o ocorrido, no dia seguinte, lá estava Almeidinha impecável em seu terno cinza e a tradicional gravata fininha em tons sóbrios e escuros a estampar o que lhe ia à alma e no coração.

* FOTO NO BLOG: Praga/arquivo pessoal

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