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Aos formandos *

Aí vem uma nova formatura.

Não é fácil, não, companheiro.

Vestirei a beca e serei o segundo a falar na cerimônia, logo após o hino nacional.

É um momento e tanto para este coração alquebrado que insiste em sonhar e bater. Ou melhor seria dizer, bater e sonhar, pois sem o primeiro não há o segundo. Embora haja quem insista em dizer que só nos sentimos vivos quando ousamos sonhar.

Seja como for, tem sido assim desde que assumi a Coordenação do curso de Jornalismo, em 2005. Impreterivelmente, de seis em seis meses, cá estamos. Com as turmas tradicionais ou as de meio-de-ano, como a de vocês.

Inevitável nessas ocasiões é lembrar o meu filho. Que um dia ocupou o lugar onde hoje vocês estão. É uma associação que sempre faço porque me dirijo a vocês com a mesma cumplicidade de orgulho, de ideais e a mesma fé no amanhã.

Inevitável também lhes confessar a minha renovada emoção. Porque, reparem, há sempre um quê de poesia nesses momentos limites. Ficou lá atrás, em algum belo lugar do passado, o momento de chegar. Vivem agora o encantamento de partir em busca de novos portos, novas paisagens, novas conquistas.

Nesse meio tempo, uma coleção de fatos, de encontros e desencontros, de vitórias e desafios, marcou a vida de cada um. Para o bem ou para o mal. Houve, por certo, instantes de dúvidas, tristeza, vacilo; mas, seguramente, os momentos felizes foram mais intensos e determinantes. A ponto de hoje estarem aqui a celebrar, mais do que um bacharelado, um jeito muito especial de encarar a vida. E, por mais redundante que pareça, viver.

Porque jornalista é uma profissão de tempo integral. Faça chuva ou faça sol. Aos domingos e feriados, como bem sabemos.

E o jornalismo vive um momento de transição. Que ouso definir ao me fazer, descaradamente, parceiro do poeta Pablo Neruda e lhes falar do compromisso que ora assumem.

Neruda escreveu:

“A poesia perdeu seu vínculo com o distante leitor”.

O jornalismo, idem — eu lhes digo.

“É preciso recobrá-lo” – diz o poeta e eu assino embaixo para o jornalismo.

“É preciso caminhar na escuridão e se encontrar com o coração do homem, com os olhos da mulher, com os desconhecidos das ruas, dos que precisam de nem que seja de um único verso (…). Esse encontro com o imprevisto vale pelo tanto que a gente andou, por tudo o que a gente leu e aprendeu… (…) Somente então seremos poetas…” – conclui o chileno.

Somente então – harmonizados com o sonho da fraternidade – seremos jornalistas, concluo e os parabenizo.

* Para os formandos de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo que participam da cerimônia de colação de grau, nesta quarta, dia 6.

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