Deve haver algum equívoco.
A torcida do meu Palmeiras não pode ser essa.
Que ameaça.
Que persegue.
Que quer derrubar o alambrado, invadir o campo.
Que faz pichações terroristas.
Que fala em matar o presidente e espancar este e aquele jogador…
II.
Não foi isso que aprendi – e admirei – com a italianada do Cambuci em tempos idos e vividos.
Eles também se indignavam com as derrotas do Alviverde.
E berravam e xingavam e discutiam entre si, mas logo estavam irmanados, sem rancores, ao redor da longa mesa do bar Astória, onde disputavam um jogo oriundi, chamado patrão-e-sotto.
Meus olhos de menino pouco entendiam daquela algazarra.
Mas, meu coração já entendia plenamente a honra de ser palmeirense.
III.
E o que se disputava no tal patrão-e-sotto?
Um copo de cerveja, e um gesto de amizade.
Ao final, dúzias e dúzias de garrafas vazias sobre o balcão de mármore.
Alguns saíam trançando as pernas de bêbados – e eram os vencedores.
Outros sequer molhavam os beiços, mas também arcavam com o prejuízo da conta.
IV.
Aqui, mesmo neste blog, desconfio já ter lhes contado sobre o pai e seus amigos.
Volto a essas recordações para escapar da sombria realidade que cerca o noticiário sobre o Palmeiras nos dias atuais.
Menos pelo que acontece em campo.
Perder ou ganhar faz parte do jogo.
É do esporte, dos amores, da vida…
V.
Abrir mão da dignidade, da noção de quem somos e de onde viemos, isso, sim, é de se lamentar.
Não são verdadeiramente palmeirenses aqueles que jogam nas páginas policiais a História e o futuro do clube que aprendi a amar – e que, em cada um de nós, será sempre campeão.
VI.
Seria bacana se usássemos as tais redes sociais para fazer uma ampla campanha de apoio e confiança ao time neste momento ruim. Afinal, seja qual for o final dessa história, continuaremos palmeirenses, como sempre fomos e seremos. Eternamente.
Fica aí a sugestão de um velho palestrino…