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Arte e ofício

As únicas certezas que eu tenho nessa vida são que as azeitonas escuras são tingidas e a torneira de água quente geralmente é a da esquerda…

Essa foi uma das tantas lições que o repórter do século 20, José Hamilton Ribeiro, ensinou aos estudantes de jornalismo que o convidaram, anos atrás, para paraninfo da turma, na solenidade de formatura na Universidade Metodista de são Paulo.

Não esqueço aquele belo pronunciamento.

Com seu jeito simples, Zé Hamilton aproveitou a oportunidade para lhes falar da arte e do ofício da reportagem.

Que, em última análise, traduz a arte e o ofício de viver.

Meu amado (e saudoso) avô Carlito, bem à moda napolitana de ser direto e reto, desconfio, seguia o mesmo caminho.

Dizia:

“Fora o cobrador e o motorneiro, todos somos passageiros no bonde da vida.”

Pois então…

Agora, me aparece a menina, que se diz feita de silêncio e ausência, a se espantar diante dos mistérios peculiares à vida nos arredores dos 20 anos de idade. Diante dos desafios de ser o que se é.

É provável que, pelo meu aspecto circunspecto e os ralos cabelos brancos, ela me entenda como um mago de tempos idos, aqueles sábios senhores de todos os segredos, arquitetos de sonhos e sinfonias.

Quem dera, moça, quem dera…

Mal sabe a jovem que não há farmacêutico no mundo capaz de aviar qualquer receita para essa tal felicidade.

Que, embora minha caminhada seja longa, também tenho lá, no sótão desta modesta existência, o meu baú de espantos e estranhezas.

Alguém me disse: é provável que venha daí as tantas e quantas histórias que aqui narro.

Pode ser.

Nem isso sei.

Sei apenas que a verdade absoluta é um sofisma.

A vida é uma dádiva.

Vale apostar no momento.

Vale apostar nos sentimentos quando são plenos, quando são sinceros.

Como identificá-los?

Aí, é que são elas…

Proponho voltarmos ao começo do texto.

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