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As eleições e a TV

Lembram “o trenzinho” do candidato Celso Pitta que enfeitiçou os paulistanos no horário eleitoral de 2004? O Fura-Fila miraculoso que acabaria de vez com os problemas de transporte público da Paulicéia, lembram?

Pois é, caro leitor, pérolas do marketing político semelhantes a esta entram hoje no ar dando início ao horário gratuito eleitoral deste ano.

Haverá também o eterno jingle do Eymael, o aerotrem do Levi Fidélis, o Tiririca fazendo piada e mais muito mais.

Perceba, amigo, que tento amenizar nosso papo hoje. Não quero falar das baixarias, nem dos golpes baixos e lorotas que invadem nossas casas em pleno horário nobre.

II.

Sei que muitos desligam a TV ou buscam nos canais de TV por assinatura ou no NetFlix a fuga para o entretenimento merecidos no horário que nos cabe o lazer e o descanso.

Dizem que essa aberração é um recurso democrático.

Não penso assim.

III.

Mas, sigamos a conversa.

É sabido que as assessorias dos candidatos – especialmente nos cargos majoritários – apostam todas as suas fichas na influência que a TV exerce no cidadão brasileiro.

Desde a eleição de Collor como presidente em 89, a TV assumiu ares de estrela das campanhas, capaz de guiar – ou mobilizar – legião de eleitores para este ou aquele candidato.

A tal política do corpo-a-corpo – o candidato na rua a falar com o povo ou movimentar-se pelas ruas entre cumprimentos, abraços, beijinhos em criança e bandeiras – serve agora para fornecer imagens de maior persuasão para convencimento do incauto telespectador.

Por vezes, penso que determinado enfoque de uma reportagem são enfatizados à exaustão, única e exclusivamente, para gerar mais e material de campanha. Vale para os jornais impressos, vale para a TV.

IV.

Não estou tão certo assim desse poderio todo.

Tem aquela história de gato escaldado, sabe qual?

Já entramos em cada fria que agora desconfiamos de tudo e de todos.

Mesmo assim, reconheço o poder manipulador que se faz das imagens e das interpretações que delas provêm.

V.

Ouço, de um grupo de amigos, a repercussão do “teatrinho” das entrevistas presidenciais que o Jornal Nacional promoveu com os três principais candidatos a presidente. Nenhum dos meus “parças” mudou de opinião.

Cada qual, a seu modo, achou que o candidato de sua preferência saiu-se muito bem na fita e passou por cima das perguntas dos empedernidos apresentadores, Willian Bonner e Patrícia Poeta. Já os que votariam em outros candidatos comemoram a agressividade dos jornalistas.

Pergunto a eles se acreditam na isenção dos veículos de comunicação, se estão mesmo a fim de esclarecer a opinião pública…

Balançam a cabeça sem nada afirmar, mas desconfiando de tudo.

E olha que os caras são jornalistas…

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