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Bem-vinda

Tento convencer a moça que me visita, aqui, na Universidade sobre os bons augúrios da saudade que diz sentir dos bancos escolares. Dos quatro anos que aqui passou, tomando lastro para a carreira (que ora se inicia) e o futuro (que, na casa dos 20 anos, sempre nos inquieta). Ainda mais que retornou recentemente de um período longe do País, em terras civilizadas (“onde tudo funciona”) da Dinamarca.

Faço gosto em revê-la (sempre foi aluna aplicada) e ainda mais por saber de seu doce sentimento por esta Casa de Ensino. Só não sei se sou o interlocutor mais adequado para lhe inteirar sobre o Brasil de hoje e explicar os novos rumos do jornalismo.

Ela me diz entre o susto e a perplexidade.

– Quase todos com quem converso me falam que eu deveria permanecer por lá.

II.

Não tenho uma resposta pronta. Menos ainda definitiva.

Ouso repetir o jornalista José Hamilton Ribeiro quando veio dar uma palestra por aqui (talvez fosse ao tempo em que ela ainda estivesse no campus) e fez a seguinte consideração:

– As duas únicas certezas que tenho na vida são: as azeitonas pretas são tingidas e a torneira de água quente geralmente é a da esquerda. No mais, há que se ter atenção.

III.

São insondáveis os caminhos do velho/novo jornalismo que se professa e pratica.

Quando comecei (em idos tempos), eu lidava com uma possante máquina de escrever (toc, toc, toc), íamos para a rua atrás da reportagem do dia e quase nunca usávamos o telefone para checar uma informação. A novidade era a impressão em offset, com o editor e o coppy-desk fungando em nosso cangote para não estourarmos os prazos.

Hoje, a informação se dá em tempo real.

Mas, tanto lá como cá, é o caráter do profissional que dá a verdadeira dimensão do bom jornalismo.

Único desafio que, desconfio, ela e todos os jovens jornalistas têm pela frente é inventar o próprio espaço.

IV.

Quanto ao Brasil, minha cara, há que se ter esperança – e juventude.

Fez muito bem em voltar.

Podem dizer o que quiserem. Tanto faz estarmos mais à direita ou mais à esquerda (se é que esses referenciais ainda existem), aqui é o País do encantar-se. Não sei definir essa magia, essa vocação para ser feliz que marca nossa existência. Sei que só aqui encontramos essa (vamos chamar de) generosidade latente.

Mesmo que hoje nos pareçam um tanto nublados nossos horizontes, pode acreditar que logo, logo, haverá um naco de luz a clarear os dias que estão por vir.

De qualquer forma, moça, bem-vinda!

Você e os da sua geração serão protagonistas dos novos e venturosos tempos.

O Brasil precisa de vocês!

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