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Boleiro (2)

Se tiver abaixo de 50, o caríssimo leitor não pode imaginar o que tal oportunidade significava para qualquer garoto em meados dos anos 60.

Posso dizer, por experiência própria, pois sou dessa geração.

Só para efeito de contextualização.

O Brasil era bicampeão do mundo. Mas, não era só bicampeão do mundo. Era o melhor. Aqui se praticava o futebol arte.Tempos de Pelé, Garrincha, Didi, Nilton Santos & Cia.

Jogávamos futebol o dia todo. Fosse com bola de meia, de borracha (o terror das vidraças da vizinhança), de capotão. Na calçada (improvisando o poste como trave), no terreno baldio (que logo se transformava num campinho irregular), no barrancão do Jardim da Aclimação (com dimensões próximas a um campo oficial)…

Havia campeonatos entre ruas que os meninos organizavam e, nos fins de semana, era de lei. Defendíamos o infantil ou juvenil de alguma gloriosa equipe varzeana em partida disputadas, que valiam nossa alma e repercutiam elogios e críticas por toda a semana.

Nem gosto de lembrar. Dá uma saudade danada…

Bater um bolão era sinônimo de status social, prestígio entre a rapaziada.

A geração do vídeo game e da ‘escolinha’ de futebol viria muito depois.

Ah… Sei o que vocês vão dizer. Havia outras brincadeiras. Empinar pipas, bolinha de gude, jogo de botão (que hoje é futebol de mesa), peão, bater figurinha, carrinho de rolemã etc etc.

Concordo. Mas, faço uma ressalva.

Eram passatempos até a bola chegar…

Assim que a bendita se apresentava, não havia como alguém resistir.

Lembro que onde eu morava, na República Federativa do Cambuci, alguns garotos foram recomendados para treinar no Clube Atlético Ypiranga. Só essa indicação já lhes valeu olhares de admiração e respeito. Imaginem o que significava passar pela ‘peneira’ da gloriosa Sociedade Esportiva Palmeiras.

Preciso dizer?

Aquela noite o garoto não dormiu…

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