Então…
(continuando o papo de ontem)
I.
Estava por ali gastando gasolina pela Avenida Álvaro Guimarães, Um tanto sem prumo pela grosseria da Fulana, outro tanto sem rumo mesmo. Na verdade, as tais quinquilharias eram supérfluas. Queria mesmo andar pelo Planalto assim à toa num dia de sol.
Resolvi, então, encostar o lata-velha no meio-fio por um segundo para clarear as idéias, consultar o celular e decidir se iria às compras ou não.
II.
Carro parado, abri a janela e chama a minha atenção um vozerio de alegres saudações pipocando pela calçada, na direção contrária, de onde parei.
Era um grupo de rapazes que trajavam o uniforme da prefeitura, com enxadas nas mãos, caminhando e cumprimentando a todos os que passavam:
“Bom dia, moço”.
“Bom dia, senhora”.
“Bom dia, amigo”.
“Bom dia, senhor”.
Até eu, mesmo abestado dentro do carro, entrei na dança.
Respondi balançando a cabeça, bem a meu feitio, entre o tímido e o surpreso.
III.
A bem da verdade, todos os devidamente saudados, de alguma forma, manifestaram essa perplexidade.
A meninada podia estar de zoeira, mas, convenhamos, não é normal uma leva de trabalhadores bem-humorada e cordial a espalhar cumprimentos a desconhecidos como se todos fossemos manos e afins.
IV.
Houve mesmo uma senhora que ficou tão atônita que perguntou a um deles:
– Hã? O que foi?
E um dos moços de enxada na mão sorriu e lhe disse:
– Só estamos desejando um “Bom dia” para a senhora e os seus.
– Ah, sim – retrucou ela. – Bom dia pra vocês também… É que não ouço direito, uso aparelho, sabe? Mas, bom dia, bom dia para todos nós!
V.
Pois é…
E lá se foram os meninos/trabalhadores, de enxadas nas mãos, distribuindo sorrisos e simpatia. Foram carpir as plantas dos outros canteiros, nos quarteirões acima, e semear uma sociedade menos rancorosa, mais solidária e (que seja por instantes) mais feliz.
Valeu, rapaziada!
Bom domingo, amigos.
O que você acha?