Foto: Leila Cunha
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Sei que é uma conversinha batida, igual a tantas e tantas.
Mas, não resisto.
Desconfio que seja o tal clima de fim de ano, as festas, a percepção que fazemos do tempo a se fatiar em anos. Estes, quando terminam, nos impõem a sensação de que poderíamos ter feito mais. Quando se iniciam, ora ora, trazem a ilusão de que nossos superpoderes se renovam.
Assim é se nos parece.
Ou não?
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Todo esse lerolero por causa de uma frase que captei em uma conversa que não me pertencia.
“Só existem duas datas” – disse o sabichão à moçoila que o ouvia.
E completou:
“O hoje e o amanhã.”
Creio que deveria ter ficado por perto para ouvir a explicação; se é que o Pimpão deu-se ao trabalho de aprofundar o tema.
Não fiquei. Preferi deixar o suposto casal em paz.
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Mas, desde então, penso na tal verdade inexorável.
Reparto com vocês, amáveis cinco ou seis leitores, minhas humildes (e assombrosas) reflexões.
A saber:
No fundo, no fundo só existe mesmo o hoje.
Se me permitem, um arroubo filosofeiro: Há que se viver intensamente esse hoje porque passa rápido e não volta.
Simples assim.
Como fechar os olhos para dormir, e sonhar.
Inevitável.
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Quanto ao amanhã, há um ditado famoso que diz: “A Deus pertence.”
Convém não subestimá-lo, pois – vou lhes revelar um segredo – ele chega. E como chega!
Apresenta as contas, e nos cobra com a voz do Destino que cada qual traça pra si próprio:
“Como é, meu camarada, você viveu tudo o que tinha para viver. Ou ficou borboleteando em piruetas por aí?”
Se ficou – e se deu bem, andou entre flores e jardins, parabéns!
Agora se ousou ser fiel a si mesmo e ao próprio caminho, que se considere vitorioso!
Terá feito, pois, do presente então vivido, um passado bom de lembrar e, nessa toada, continuará valorizando cada minuto da sua existência.
Afinal, todos os dias são seus.
Ou melhor: são nossos.
Porque só o hoje, acreditem, nos trará o amanhã.
E por falar em toada…
O que você acha?