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Brasil/Japão

Passei esses dias envolvido com a finalização de um texto sobre a vida do empresário Katsumi Hirota, um dos pioneiros da imigração japonesa no Brasil. Trata-se de um livro que pretendemos – eu e o idealizador, seu filho Francisco — seja lançado ainda em junho deste ano, quando se completa um ano do falecimento de Katsumi – no Brasil, chamado de Mathias.

Em recente artigo para o jornal Folha de S. Paulo, o a empresária, escritora e deputada federal, Keiko Ota, comentou a tragédia que se abateu sobre o Japão semanas atrás. Depois de realçar a capacidade do homem japonês em recuperar-se após catástrofes naturais ou não, ela concluiu:

“Este ano, o sakura-zensen, isto é, o desabrochar das cerejeiras, ao anunciar a primavera, se revestirá de um significado especial: será o aflorar de um novo Japão, que se reerguerá pelo trabalho obstinado de seu povo, e pela solidariedade de povos irmãos.”

Esses dois momentos me fizeram lembrar uma de minhas tarefas de repórter.

Durante uma semana perambulei, como repórter, pelos corredores e salas do Consulado do Japão em São Paulo, na avenida Paulista. Foi em 1988 a propósito das comemorações dos 80 anos da imigração japonesa para o Brasil. Prestava serviços a um jornal que, na ocasião, planejou om lançamento de um suplemento especial sobre a efeméride.

Conversei com muita gente – japoneses e descendentes. Por vezes, precisei da ajuda de uma intérprete, sempre solicita, que ao fim da minha jornada de trabalho, fez duas observações que ainda hoje me são inesquecíveis.

“Seria muito bom se os japoneses assimilassem do brasileiro esse jeito mais leve de encarar a vida”, disse-me ela em tom coloquial. “Vocês estão sempre pronto para ser feliz”, completou.

De outro modo, fiz questão de ressaltar, seria ótimo se o brasileiro olhasse, com mais seriedade e determinação, para o lado mais sério da vida.

— O Carnaval não dura o ano todo, acrescentei.

Reservada, como só e acontecer com os orientais, ela nada disse. Esboçou um riso tímido e ficamos, em silêncio, a refletir sobre o teor daquela conversa. Minutos depois ela quebrou o silêncio para a segunda observação que achei perfeita:

“Apesar de todas as diferenças entre os dois povos, Brasil e Japão, mesmo distante geográfica e culturalmente, estão cada vez mais integrados e próximos. Hoje são nações que muito podem contribuir para um mundo melhor .”

Não é exagero dizer que foi o suor dos imigrantes, vindos de todas as partes de mundo – entre os quais, inclusive e principalmente, os japoneses – ajudaram a vencer condignamente essas etapas e, irmanados, forjaram o Brasil de hoje.