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Breve recado

Aos formandos,

Vim hoje apenas lhes lembrar uma história. Na verdade, um filme. Não sei se vocês já assistiram a O Carteiro e o Poeta, presente em qualquer locadora que se preze.

Inspira-se no suposto exílio do poeta chileno Pablo Neruda numa pequena ilha italiana, onde faz amizade com o carteiro do lugar.

Uma cena é marcante.

O bom carteiro Mário, fascinado pela convivência com Neruda, cismou: quer aprender a ser poeta…

Apaixonado pela belíssima Beatriz, ele recorre ao novo amigo para aprender o encanto das palavras.

Neruda procura explicar tecnicamente o processo de construção de um poema, mas não obtém qualquer êxito.

Ambos estão na praia diante do Mediterrâneo.

Como último expediente, Neruda recita uma de suas poesias que relaciona o imprevisível ir e vir das ondas com o tropel dos corações apaixonados.

Quando termina o soneto, o poeta pergunta:

“E então gostou?”

E o carteiro, sem se dar conta, faz metáfora em forma de poema…

“Mas, eu me sinto assim como um barco num mar de palavras”.

II.

Quis contar essa breve história porque hoje, creio, vocês estão diante de um mar de possibilidades.

Fim de um ciclo. Novos caminhos.

Caminhos são possibilidades, inclusive as impossíveis.

III.

Durante quatro anos, nós aqui do Curso de Jornalismo nos esforçamos para explicar a profissão possível – as técnicas, a organização do texto, a ética profissional, a responsabilidade crítica e fiscalizadora, essas coisas todas, tidas e havidas como racionais e lógicas, indispensáveis.

Muitas vezes, toldamos aspirações com tais rigores.

Foi necessário, creiam. Mas agora é hora de corrigir a rota…

IV.

É na verdade um breve recado.

Gostaria de pedir a vocês que não esqueçam a poesia do ser jornalista.

Mais do que um relato literário, poesia em jornalismo quer dizer envolvimento…

Com ideais, causas públicas, propostas sociais – e musas também que ninguém é de ferro.

V.

De algum modo, em um dado momento, tudo parece conspirar contra…

Mas, insistam em acreditar na única possibilidade que realmente abre portas para todas as outras: ser feliz…

E fazer com que cada vez mais gente seja feliz…

VI.

Boa sorte nessa empreitada. Luz e firmeza.

Nós, professores, continuaremos por aqui pela praia. A olhar o mar de possibilidades. Torceremos muito por vocês, novos jornalistas e audazes navegantes, que vão cumprir a rota das estrelas…

* Sexta, 17. Salão Nobre da Universidade Metodista de São Paulo. Rudge Ramos. São Bernado. Colação de grau da turma de jornalismo "Prof. Jorge Tarquini", 2003/2007.

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