Ex-aluno, amigo e por uns tempos desaparecido. Assim que me encontra, vai logo perguntando:
— E o jornalismo? O que tem achado? A coisa está pegando lá na redação. Todos criticam. Até os boys do jornal reclamam!
Não cabe dar nome aos bois – ou melhor, ao jornal. Todos parecem estar vivendo o tal momento de transição.
Digo que ando um tanto cético com esses novos tempos e concluo com uma velha máxima das redações.
— Todos falam que vão mudar isso, aquilo e aquiloutro — no fim, tudo permanece como está. Antes se dizia que as reformas nos jornais se limitavam a tirar os fios e colocar os fios nas páginas.
Estou distante da lida, por isso quero encerrar o assunto por aqui.
Mas ele insiste:
— Mestre, fazer matérias sem pé nem cabeça acho que nunca foi o propósito! É mais sensato deixar o jornal do jeito que era pra ser, com texto bem grande e matérias bem produzidas. Para ler coisinha curta, acesso a internet.
Faz sentido a observação.
Mas, mudo de assunto e lhe pergunto como vai a vida.
Não era tempo, nem lugar para discutir os novos caminhos do jornalismo sob a égide do Youtube e do CQC…
II.
Via email, recebo notícias de uma velha amiga.
Está feliz com o novo relacionamento:
“Eu enfrento o desafio de uma nova família. Mas todos parecem gostar de mim. Meus sogros são amorosos e sinceros e os meus filhos não têm nada contra. São costumes e histórias diferentes. Italianos, falantes. Ontem, um sujeito bateu no meu carro. Não tive culpa mesmo
e o tal foi gentil. Disse que iria me pagar os prejuízos, só que os documentos, o celular, a placa do carro, eram todos falsos. Ele fugiu. Paciência. Como tem gente sem caráter neste mundo!”
Não sei o porquê, mas ela me lembrou uma personagem das novelas de Manoel Carlos. Com altos e baixos na mesma cena.
III.
“Hoje o País é reconhecido e Lula é uma liderança mundial.
Viajo pelo mundo todo e fico vendo.
Os repórteres só me perguntam disso:
o Brasil, o Brasil…
Eu fico pensando:
O que vou dizer a eles?
Não tenho nada a dizer.
Eu sou o Brasil.”
Gilberto Gil, em entrevista ao repórter Ivan Marsiglia, publicada domingo (dia 22) em O Estado de S. Paulo