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Brevíssimas 4

Da tristeza que balança emanam…

todos os sons…
todos os silêncios…

todos os sonhos…
todos os pesadelos…

todas as letras…
todas as palavras…
todos os textos…

todos os mantras…

todas as artes –
especialmente,
poesias e canções…

Todas, todas…

II.

Da tristeza que balança nascem…

todas alegrias…
(menos uma – adivinha?)

todas as certezas…
todos os equívocos –
e o maior dos meus enganos…

Quem errou o quê?

III.

Da tristeza que balança surgem…

verdades mentirosas…
mentiras verdadeiras…

imaginação/realidade…
invenções…
saudades…

IV.

Da tristeza que balança estilhaçam-se…

as emoções…
o tédio – que remédio!

os deleites…
as aflições…

sensações…
sentimentos…

Amor, inclusive…
Ódio, por quase um segundo…

V.

Da tristeza que balança vêm…

a aspereza do não…
e o sim que ficou assim, assim…
(era pra vir e não veio…)

Daí…

toda a solidão…
e o desencanto todo…

todas as idas…
todas as voltas…
(menos uma)

todo o tempo que se perdeu…

VI.

Da tristeza que balança recendem…

a luz do sol, o luar…
o brilho das estrelas…
a tela do computador
na sala escura…

VII.

Da tristeza que balança vergam…

as sombras a enfeixar as cores…
e os desejos que se apagam
lenta e doidamente…

O oco do mundo…

VIII.

Da tristeza que balança…

todas as cenas…
todas as lembranças…

(É o que chamam vida…
que vida!)

Todas as lágrimas…

Da espera da esperança…
Do desespero de não mais esperar…

Até lá sabe Deus quando…
Até a tristeza não ser mais triste não…

(A partir da audição de “Samba da Benção”, de Vinicius e Baden Power, num vôo Brasília-São Paulo. Com a certeza insofismável de que “é melhor ser alegre que ser triste”. )

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