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Caetanear, hoje e sempre

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Foto: Fernando Young/Divulgação

“Muitas vezes sinto que já fiz canções demais. Falta de rigor?, negligência crítica? Deve ser. Mas acontece que desde a infância amo as canções populares inclusive por sua fácil proliferação. Quem gosta de canções gosta de quantidade. Do rádio da meninice, passando pela TV Record e a MTV dos começos, até o TVZ no canal Multishow de agora, encanta-me a multiplicidade de pequenas peças musicais cantadas, mesmo se elas surgem a um tempo redundantes e caóticas. Há nove anos que eu não lanço álbum com canções inéditas. No final de 2019, tive um desejo intenso de gravar coisas novas e minhas. Tudo partiu de uma batida no violão que me pareceu esboçar algo que (se eu realizasse como sonhava) soaria original a qualquer ouvido em qualquer lugar do mundo. ‘Meu Coco’, a canção, nasceu disso…”

* Trecho da Carta Aberta de Caetano Veloso à Imprensa, por ocasião do novo álbum, Meu Coco.

Caetano Veloso é o mais contemporâneo dos autores contemporâneos brasileiros.

[Alguém duvida?]

O mais moderno desde os idos de 60 quando apareceu em cena, ‘figura estranha, aquele irmão de Bethânia’.

[Meninos, eu vi e ouvi.]

Talvez o único a flertar com o que chamam de pós-modernidade desde que o Tropicalismo caetomzegilberteano fez em estilhaços o multifacetado vitral da MPB de então.

[Soy loco por ti América. É proibido proibir. Alegria, alegria!]

Aos 79 é o mais atual dos compositores brazucas.

Confirme ao ouvir o novo álbum Meu Coco, lançado dias trás, com um punhado de exuberantes canções inéditas. Ou quase (Bethânia gravou Noites de Cristal em fins dos anos 80 e a cantora Céu deu voz a Pardo mais recentemente). A reverenciar o passado (de Pixinguinha a Jorge Ben), revitalizar o presente com instigante alquimia de gêneros melódicos, ritmos e palavras e a apontar para um futuro de exuberante sonoridade – e , acreditem, repleto de possibilidades impossíveis.

[A arte salva.]

Confesso.

Há tempos não ouvia um trabalho tão marcante.

Fundamental. Pela necessidade que hoje vivemos de acreditar que não somos feitos só de atraso e obscurantismo.

Somos resistência

– e não abrimos mão do sonho.

Dançar e esperançar:

É muito amor, é muita luta, é muito gozo
É muita dor е muita lida
Não vou deixar, não vou, não vou deixar você
Esculachar com a nossa vida
Não vou deixar, não vou deixar, não vou deixar
Porque eu sei cantar
E sei de alguns que sabem mais
(Muito mais! Muito mais!
)”

* Clique AQUI para ouvir as outras faixas.

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