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Caminhos

Olho pela janela do apartamento, onde moro. 19º andar.

Há um sol esquivo que se espraia sobre a cidade, e uma leve bruma a esmaecer o tom dos telhados das casas ao redor.

Por ser sábado pela manhã, não há tantos carros nas ruas.

E mesmo nesse horário, pouco depois das nove, e na altura em que estou, um silêncio maroto chega a surpreender. Traz embutido um tom nostálgico e, é inevitável, a lembrança de como eram as manhãs de sábado nos mais antigos – e belos – anos do passado.

Éramos um bando de amigos – jovens e inconsequentes; divertidos, eu diria.

Mais ou menos a essa hora partíamos de nossas casas, algo sonolentos, para nos encontrarmos naquele boteco chinfrim, na esquina da Bom Pastor com a Greenfeld, onde hoje está a Estação Sacomã do Metrô, para por os assuntos da semana em dia.

Lá, já estava a nossa espera, o líder, guru e mestre de todos nós, o Nasci.

Não sei…

Não há como explicar a magia daquelas horas. As conversas despirocadas sobre tudo e sobre todos. Rindo, falando, beberincando, rindo e falando e voltando a bebericar e a rir e a falar. De futebol à política, do novela das oito (que ainda era as oito) às artimanhas dos acontecimentos internacionais. Da vida alheia às mulheres…

Aliás, as mulheres sempre mereceram atenção especial em nossas conversas (por vezes, insanas; outras tantas, politicamente incorretas). Até porque, entre nós, tinha lugar cativo o grande Escova, o afamado Dom Juan das Quebradas do Sacomã..

O impagável Escova, meus amáveis e fiéis cinco ou seis leitores bem conhecem de tantas histórias que aqui, no Blog, registrei.

Escova é o único com quem ainda tenho contato.

Muitos já se foram; outros se perderam mundo afora.

Vez ou outra, nos encontramos por ali. Ainda há dois ou três Sujinhos respeitáveis por ali. É bom também – há dias que o amigo Poeta aparece, e o papo e a bebericação ficam mais animadinho.

Mas, reconheça-se, não é a mesma coisa.

E foi o ele, o Poeta, que em um dos nossos recentes encontros citou outro poeta, o gaúcho Mario Quintana, e bem definiu o que vivíamos ali:

Antes todos os caminhos iam
Agora todos os caminhos vêm…

*Reuni algumas histórias desses tempos no livro “Meus Caros Amigos – Crônicas sobre jornalistas, boêmios e paixões”, que lancei em 2010.Se alguém se interessar, escreva ao Blog.

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