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Chico Xavier, o filme

Mais de 1,3 milhões de brasileiros assistiram a Chico Xavier nos primeiros dez dias de exibição.

As 377 salas de cinema que exibem o filme de Daniel Filho voltaram a lotar nesse sábado.

Até aqui, é o campeão de bilheteria do ano, passando feito um trator por vencedores do Oscar e produções em 3D, a sensação dos modernosos.

Deve superar – se já não superou – as marcas até então imbatíveis do próprio diretor, com as duas versões da comédia Se Eu Fosse Você.

O toque de Midas de Daniel e os números auspiciosos, sei bem, não são garantia de um bom filme.

Se quisesse ser chato, diria que é apenas uma produção correta sobre uma notável e intrigante personagem da recente história do País – e que, portanto, ainda faz parte do imaginário popular.

Chamo a atenção, porém, para um traço marcante do filme: a interpretação dos dois atores que fazem Chico Xavier: Antônio Ângelo e Nélson Xavier.

Estão irretocáveis.

A caracterização de Nélson é de impressionar.

Tanto que ocorreu um fenômeno curioso na sala onde hoje assisti ao filme.

Depois que o filme se encerrou e enquanto sobem os letreiros, ninguém arredou o pé do lugar.

Os espectadores continuaram sentados, em silêncio, atentos; olhos pregados a um dos cantos da tela.

Ali, eram exibidos trechos de cenas retiradas da participação médium no polêmico Pinga Fogo, programa que marcou época nos primórdios da TV brasileira e que se notabilizou por destruir a reputação dos entrevistados.

Chico Xavier, ao que consta, saiu ileso das provocações.

Naquela ocasião, fez a platéia presente no auditório TV Tupi rezar um Pai Nosso com ele.

Hoje, quando a luz da sala finalmente se acendeu, não deu para rezar. Mas, deu para perceber: estávamos bem sensibilizados.

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