Eu o chamava de “O Vereador do Ipiranga”.
Seu nome: Francisco dos Santos Batista Filho.
Chiquinho Batista, para o eleitorado que o elegeu lá nos confins dos anos 50 em duas ou três legislaturas.
Era janista convicto.
E foi o fundador de Gazeta do Ipiranga, onde atuou até 1961, quando vendeu o semanário para o casal Tonico Marques e Araci Bueno.
Quando eu o conheci, fim dos anos 70, ele estava afastado das lides públicas.
Beirava os 60 anos e, numa das tantas entrevistas que fiz com ele, me garantiu que só voltaria à vida pública “o grande Jânio Quadros” (no entender dele) o convocasse.
Foi o que aconteceu em 1985.
Contra tudo e contra todos, Jânio deu um chocolate eleitoral em Fernando Henrique Cardoso e se tornou prefeito de São Paulo.
Chiquinho se fez vereador.
Sua volta à Câmara Municipal não foi tão bombástica quanto das vezes anteriores.
Ele apenas sorria quando comentávamos o episódio em que levou um cesto de cobras à Prefeitura e as soltou no gabinete do prefeito Prestes Maia.
A cena entrou para o folclore da política paulistana.
— O homem não quis acreditar quando lhe disse que o Alto do Ipiranga estava infestado de cobras. Foi o jeito que dei para provar o que eu dizia. Agora, eu não faria isso.
Àquela altura da vida, Chiquinho já desenvolvia um tratado próprio de Filosofia e Doutrina que dividia em capítulos. A cada um desses manifestos, denominava de “Mensagens Cósmicas” e, impressos em papel sulfite e grampeados, presenteava amigos e pessoas interessadas em suas perolações.
Não fui propriamente um amigo de Chiquinho Batista, mas recebi uma dessas mensagens, a de número 10. Tem 197 tópicos. Um deles fala dos cinco sentidos da vida, segundo o autor. A saber:
Austeridade.
Generosidade.
Sinceridade.
Seriedade.
Gentileza.
“Se for austero, será respeitado. Generoso, conquistará tudo. Sincero, se fará confiável. Com seriedade, sempre alcançará êxito. E o homem gentil é um ser superior”.
Lembrei dele hoje quando vasculhei meus guardados e encontrei a rústica apostila.
Chiquinho era Rosa Cruz; e cumprimentava o Sol, sempre ao meio-dia.
* FOTO NO BLOG: Walter Silva