Aprendi com Clóvis Rossi que o jornalista não deve perder a capacidade de indignar-se.
Que o país é pródigo em matéria-prima para fomentar nossa indignação, seja como jornalista, seja como cidadão.
Em parte, provocada pelas condições sociais da maioria, que tanto nos fustiga como repórteres e profissionais de Imprensa.
Em alta dose, pelas maracutaias da elite dirigente, seja de que instância for, a quem nós, jornalistas, não podemos deixar de fiscalizar.
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Que essa história de a Imprensa como o “Quarto Poder”, ao menos por aqui, de há muito deixou de existir. Infelizmente.
Que ser repórter, compromissado com a verdade factual e o bem comum, é a essência do jornalismo que ainda teima em resistir e se faz necessário.
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Não, amigos leitores, nunca estive pessoalmente com o notável jornalista que faleceu ontem aos 76 anos.
Se bem me lembro, eu o vi apenas uma única vez numa noite de autógrafo.
Fiquei à distância a observar como as pessoas o reverenciavam ao vê-lo ali, como se fosse um de nós, na fila do autógrafo.
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Depurei essas lições das colunas e reportagens de Rossi que acompanhei ao longo desses meus quase 50 anos de jornada.
Era uma das minhas referências.
Sinto que o Jornalismo, como expressão do pensamento social, perde um grande combatente.
Temo que seja o fim de um nobre estilo de escrever e ser repórter.
Temo que a indignação, em cada um de nós, acabe se transformando num fim em si mesmo. E, sem os textos de Rossi, aos poucos, desapareça.
O que você acha?