Foto: Patrícia Poeta se despede do RS após cobertura das enchentes/Reprodução
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O ex-aluno me pergunta o que estou achando da cobertura jornalística da tragédia das águas no Rio Grande do Sul.
Duda trabalha hoje numa assessoria de comunicação:
“Pagam melhor e há uma relativa estabilidade, prô.”
Mas, gostaria mesmo de estar no front da batalha, na cobertura in-loco dos fatos.
“Pra isso que a gente estuda, não?”
Ser repórter de TV era sonho desde os tempos de menino.
A vida e a necessidade de manter a família (é casado, e tem filho pequeno) o fizeram buscar outros rumos profissionais.
Não lamenta a escolha.
Só que nessas horas bate aquele ‘comichão’ de não ter insistido na lenda pessoal.
“Muitos são os chamados, poucos os escolhidos, não é, não, prô?
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Duda, meu caro.
Não temos lá controle sobre tudo o que nos acontece.
A gente acredita que sim, especialmente quando é jovem.
Baita ilusão.
Fazemos nossas escolhas na medida do possível, do que nos aparece pela frente – e, sobretudo, das nossas necessidades mais imediatas.
Ser feliz é tudo o que se quer, diz a canção.
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Temos prioridades em função das circunstâncias.
Cuidar da família de um modo seguro é a principal delas.
No fundo, no fundo, você sabe que fez (e faz) o certo.
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Não sou o ermitão da montanha, mas creio que posso lhe dizer o que lhe disse.
Além do que, meu caro, o jornalismo passa por tantas e tamanhas transformações.
Tudo tão volátil e, confesso, extraordinariamente diferente de tudo o que vivi quando principiei na profissão.
Éramos os mediadores das demandas sociais.
O tal do historiador do cotidiano.
Tínhamos a prerrogativa de contar a história do mundo na primeira página do jornal, na capa da revista, na escalada do telejornal.
Hoje, essa primazia se multiplica em outras zilhões de vozes e outros tantos atores.
Decorrência, óbvia, da eclosão digital.
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Enfim…
É tema complexo, dá uma longa e arrastada discussão.
Mesmo assim, e respondendo à sua primeira pergunta, acho que, em termos gerais, estamos fazendo uma cobertura precisa e necessária do que está acontecendo no Sul.
Falo, óbvio, da emissoras sérias, comprometidas com as funções primordiais da Imprensa (respeito à verdade factual, postura crítica e fiscalizadora).
Destaco especialmente o trabalho voluntarioso dos repórteres, esses são os imprescindíveis.
(Não acompanhei todas as emissoras, por isso não as cito nominalmente.)
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Quanto às fakenews, Duda, infelizmente são inalienáveis fenômenos do nosso tempo.
Temos que combatê-las, forte e firmemente.
São endereçadas a uma ‘bolha’ bem específica de público.
São de fácil – e óbvia – identificação.
Só acredita quem quer.
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É isso, meu caro.
No mais, continue ajudando, aí do seu trabalho, a coletar doações para o Rio Grande do Sul.
Toda e qualquer colaboração é importante.
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O que você acha?