"O preço da liberdade é a eterna vigilância" (Wendell Phillips)
01. Já virou uso e costume, quase uma tradição. O ano para o brasileiro começa só depois do Carnaval. Há quem goste; outros, os sensatos, que lamentam — afinal, não vivemos propriamente tempos generosos, de alentadas vacas gordas.
02. No entanto, parece que vivemos neste 2002 um ano atípico. Não que o País já esteja a pleno movimento. Mas, a sucessão de fatos que ocorreram nessas seis semanas deve permanecer na pauta do dia, no mínimo, até outubro. Fácil explicar o motivo. Vivemos um ano de eleições presidenciais e, no vale tudo para chegar ao Palácio do Planalto, nada do que vimos até aqui, certamente, será esquecido pelos eleitores e, principalmente, pelos marqueteiros dos eventuais candidatos.
03. Nada será esquecido. Da oficialização da candidatura de José Serra pelo PSDB à epidemia de dengue que ameaça diversos estados. Da crise da Argentina à morte do prefeito Celso Daniel. Da viagem do presidente Fernando Henrique à Rússia à libertação do publicitário Whashington Olivetto, passando pelo fusuê inevitável da atuação da seleção na Copa. Tudo isso e outras cositas más vão oferecer um consistente caldo que deve alimentar às diversas campanhas. Entre versões e contradições, não restará pedra sobre pedra.
04. Até como um méa-culpa, ressalto que serão dois os principais instrumentos do estouro da boiada de notícias: os veículos de comunicação e o horário gratuito eleitoral. Os primeiros revelam-se hoje (mas podem mudar), em sua maioria, alinhados com os atuais detentores do Poder. Já o segundo será verdadeiramente um salve-se quem puder. Se fosse uma dessas simpáticas e alinhadas moças do tempo, diria, sem alterar o tom de voz, que temos uma espessa camada de chumbo grosso de informações pela frente.
05. Em meio a chuvas e trovoadas, é bom que o leitor prepare a capa, o guarda-chuva e galocha para o seu intelecto. Se bem conheço a situação, ninguém vai tentar clarear nada e, sim, toldar ainda mais o já nebuloso horizonte. Ou seja, repetirão o refrão do velho Chacrinha, aquele que veio para confundir e não explicar…
06. Faz sentido esse despretencioso alerta à essa altura, enquanto se espera o carnaval chegar, até para que o (e)leitor prepare o espírito. Fique atento. Nós aqui, do Ipiranga, sabemos bem o quanto nos custa em transtorno o estelionato eleitoral do tal projeto Fura-Fila, que elegeu o prefeito Celso Pitta. Se pensarmos nacionalmente, desde o caçador dos marajás até a mão espalmada com as prioridades que elegeram FHC (e que nunca vimos: saúde, educação, trabalho, habitação e segurança), entenderemos o quanto compramos, com nosso voto, gato por lebre.
07. Fique atento, pois. Se for para errar de novo na escolha dos nossos representantes, é bom que o brasileiro transforme em hit deste Carnaval o refrão daquele comercial, onde aparece uma mula cantando… Me apaixoneeei…por vocêêê…